Durante a apresentação de Madonna em Copacabana, na noite do último sábado (4), grupos religiosos, bolsonaristas e outras claques da extrema direita subiram tags como "satanismo" e "pornografia" para se referirem à apresentação histórica da cantora no Brasil que marcou o encerramento de sua turnê mundial, a "Celebration Tour".
No entanto, logo após a realização do show de Madonna, uma foto vazada nas redes deu o que falar, principalmente pelos personagens que nela estavam: todos da extrema direita bolsonarista: o governador do Rio Cláudio Castro (o que é justificável, visto que é o gestor do estado carioca), o amigo íntimo do ex-presidente Bolsonaro, Fabio Wajngarten, e o senador ultraconservador e moralista, Jorge Seif (PL-SC). Este último virou chacota e se tornou alvo de seu colégio eleitoral, que queria uma explicação.
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Após ser detonado pelos seus eleitores, Jorge Seif usou a tribuna do Senado na tarde desta terça-feira (7) para se desculpar com os seus admiradores, que ficaram chateados por ele ter ido reverenciar a cantora Madonna.
Com a voz embargada e quase chorando, Seif declarou que não tinha conhecimento do que iria acontecer durante a apresentação de Madonna. "Nós representamos parte da nossa população. Representamos valores, representamos bandeiras e temos posições. E, no último sábado, eu decepcionei o meu eleitorado", inicia Seif.
"Eu fui a um show, o qual não representa alguns valores nossos e as pessoas se sentiram decepcionadas comigo. Então, quando nós decepcionamos as pessoas e nos conscientizamos de que erramos, nós precisamos algo que é ensinado na Bíblia sagrada, que é pedir perdão. De forma nenhuma estava ali em desrespeito, desrespeitando o povo do Rio Grande do Sul, nem desrespeitando o povo de Santa Catarina, nem homenageando questões que não sabíamos que ocorreriam. Então, quero pedir perdão", disse Jorge Seif.
Na sequência, Seif apela para aqueles que "se sentiram entristecidos ou decepcionados por nós no momento de dificuldade do Rio Grande do Sul estar num show ou que homenagens foram feitas a valores que nós, como defensores da família, defensores de valores judaicos cristãos, não deveríamos participar. Então, eu peço aqui o meu perdão a todo povo do Brasil que nos acompanha e gosta do nosso trabalho".
No sigilo
Vejam como funciona a hipocrisia do senador bolsonarista Jorge Seif: ele só se manifestou porque foi flagrado e fotos com a sua presença no show de Madonna caíram nas redes, caso contrário, ele ficaria em silêncio. Ou seja, ele mente até mesmo para o seu eleitorado.
Além de assumir uma profunda hipocrisia, Seif não perde a oportunidade de atacar as pessoas que não comungam de sua ideologia (que, pelo visto, não é muito sólida) e as ataca, colocando-as na região daqueles que "não têm família", pois, só este grupo é que poderia gostar de Madonna, que o parlamentar deve saber, é mãe de 6 filhos talentosos e que já trilham o caminho das artes.
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Ao chorar por Madonna no Senado, além de promover um patético e falso teatro, Jorge Seif desnuda como funciona a claque bolsonarista e a extrema direita: movidos pela hipocrisia, atacam as pessoas por uma série de atitudes que, como eles gostam de falar, "atentam contra a família", mas o senador flagrado se divertindo no show da "rainha do pop" mostra que, ao fim ao cabo, eles seguem à risca um velho ditado sobre os hipócritas: tudo pode, desde que seja "no sigilo".