Guerra dos Doze Dias: quem ganhou o conflito entre Irã e Israel?
General iraniano dado como morto reaparece em Teerã; Trump comenta encerramento do conflito em reunião da OTAN
Nas ruas de Teerã, reapareceu Esmail Qaani, general da Guarda Revolucionária do Irã (IRGC), durante uma parada de vitória militar. Ele havia sido dado como morto por Israel no início da chamada Guerra dos Doze Dias, o conflito entre iranianos e israelenses deflagrado após os ataques do Estado sionista ao Irã, em 12 de junho.
Desde esta terça-feira (24), as hostilidades foram oficialmente encerradas após um acordo de cessar-fogo mediado por Estados Unidos e Catar, o que coloca um ponto final — ao menos temporário — no confronto.
Enquanto isso, todos os lados envolvidos proclamaram vitória. Mas, afinal, como medir o sucesso ou uma vitória em uma guerra?
Quais eram os objetivos?
Uma maneira de avaliar o desfecho é analisar os objetivos militares declarados e o quanto cada parte conseguiu alcançá-los.
Israel estabeleceu três metas principais:
- Danificar ou inviabilizar completamente o programa nuclear iraniano, com foco nas instalações de Natanz, Fordow e Isfahan;
- Destruir a capacidade missilística do Irã;
- Promover uma "mudança de regime" no país governado pelo Aiatolá.
Já os Estados Unidos, aliados de Israel, tinham como principal objetivo aniquilar o programa nuclear iraniano — evidenciado pelos ataques com bombardeiros B-2 à base subterrânea de Fordow no sábado (22).
O Irã, por sua vez, foi forçado ao conflito com um objetivo declarado: se defender.
O que foi, de fato, conquistado?
O programa nuclear iraniano sofreu danos, mas não foi eliminado, nem pelos bombardeios americanos, nem pelos ataques israelenses. Um relatório de inteligência vazado à Reuters indica que as poderosas bombas GBU-57 não foram suficientes para destruir as instalações subterrâneas de Fordow. O próprio governo iraniano já declarou que seguirá com o programa nuclear e sem a presença da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) em seu território.
A capacidade de lançamento de mísseis do Irã foi abalada, assim como parte dos sistemas de defesa aérea do país, mas Teerã continuou capaz de retaliar.
Mesmo após a intensa ofensiva israelense na primeira semana do conflito, mísseis e drones iranianos conseguiram atravessar as defesas do Exército israelense (IDF).
"Israel foi duramente atingido, especialmente nos últimos dias. Aqueles mísseis balísticos, nossa, destruíram muitos prédios", afirmou Donald Trump durante a reunião da OTAN nesta terça-feira (25).
A tentativa de mudança de regime foi, na prática, abandonada por Trump, e as instituições iranianas permaneceram firmes. Durante o conflito, setores conservadores e reformistas da política iraniana se mantiveram unidos em defesa do país.
Entre as ações mais eficazes de Israel estão os chamados "ataques de decapitação", que consistem no assassinato de lideranças estratégicas. Embora Esmail Qaani, supracitado, tenha sobrevivido, diversos oficiais militares e cientistas iranianos foram mortos em operações israelenses. E o Irã não conseguiu revidar de tal maneira contra os seus inimigos.
E afinal, quem venceu?
Do ponto de vista israelense e americano, os danos infligidos ao Irã — sobretudo as mortes de lideranças — podem ser vistos como uma vitória parcial. No entanto, os principais objetivos estratégicos, como o fim do programa nuclear e a queda do regime iraniano, não foram alcançados.
Se a superioridade militar israelense fosse tão grande como prometida e adiantada por alguns analistas, Netanyahu não teria motivo para aceitar o cessar-fogo.
O Irã, por outro lado, entrou na guerra em posição defensiva e conseguiu, apesar das perdas, preservar seu governo, sua estrutura militar e deve seguir com seu programa nuclear.
O resultado, portanto, se assemelha mais a um impasse do que a uma vitória clara. Mas, considerando que o Irã enfrentou uma guerra ofensiva e sobreviveu, pode-se dizer que, no contexto deste conflito específico, Teerã saiu mais bem-sucedida do que seus inimigos.
**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum