SOBRE A REVISTA

 

Inspirada no Fórum Social Mundial, a Fórum foi lançada com a cobertura do primeiro evento, realizado em janeiro de 2001 em Porto Alegre. Foi lá na Porto Alegre daqueles que sonhavam um outro mundo possível que a Fórum nasceu. Não é a publicação oficial do FSM, mas a revista traz no seu DNA a força dos movimentos e a certeza de que é na multiplicidade de vozes que se faz um mundo melhor.

O número zero foi lançado em abril daquele 2001 e, devido ao sucesso junto aos movimentos sociais brasileiros, tornou-se periódica ainda em setembro. Até dezembro de 2013, suas edições em papel tiveram circulação mensal de 20 a 25 mil exemplares e eram vendidas em banca. Desde janeiro de 2014, a Fórum é só digital.

Fórum traz, diariamente, matérias, reportagens e entrevistas que buscam uma visão de mundo diferente da presente nos grandes meios de comunicação tradicionais. Hoje é uma das maiores audiências no segmento jornalístico nacional.

Para continuar existindo, a Fórum precisa do apoio de seus leitores. Apoie aqui

CONFIRA COMO ANUNCIAR AQUI

Fórum é uma publicação online da Publisher Brasil Editora Ltda.

Confira um relato da história da Revista Fórum, fundada pelo jornalista Renato Rovai.

Publisher Brasil e Revista Fórum, uma história do caminho...

Por Renato Rovai

Em 4 de outubro de 1994, registramos a Publisher Brasil Editora. Eu e meu sócio à época, o Norian Segatto. A Publisher é a empresa que produz a Revista Fórum. Montamos a empresa para ser uma prestadora de serviços, uma editora e assessoria de comunicação, que atenderia sindicatos, vereadores, pequenas empresas, interessados em fazer material jornalístico e institucional. Tínhamos alguns pequenos clientes e decidimos formalizar o projeto com a fundação da empresa.

Alugamos uma pequena sala na Praça da República e dividíamos o tempo entre lá e os empregos que tínhamos, na época no Sindicato dos Bancários de SP. Éramos nós dois e um office boy. Sandro, ele se chamava. Ele fazia de tudo, desde atender telefone a levar os disquetes com os matérias que fazíamos para gráficas ou para clientes aprovar.
Começamos então a lançar livros. O primeiro foi "Árvore de Causas", ligado a uma entidade que atendíamos, o Diesat, um dos nossos primeiros clientes.

Ficamos ali na República por uns dois anos e mudamos para uma sede em Pinheiros, na rua Pedroso de Moraes, em num pequeno sobrado. Embaixo era uma loja de material de limpeza e em cima ficávamos nós. Apelidamos o senhor que ficava na loja de Seu Fifi, porque ele sabia de tudo que acontecia no bairro e até na editora. Era o melhor repórter de bairro que conheci.

Nos mantínhamos prestando serviços e editando livros, mas de maneira bem precária. Sempre operando no cartão de crédito e sem dinheiro para nada. 

Publicamos mais de 20, 30 livros, como os "Os Humildes", de dona Geraldina Marques, , “Ponto Eletrônico”, do jornalista Flávio Prado”, “ Produzindo monografia”, de Carla Garcia e Benedicto Victoriano. Mas não tínhamos um projeto muito definido, fazíamos o que aparecia. Tanto em livros como na assessoria de comunicação.

Em 1998, abrimos um espaço cultural na rua Artur Azevedo, o Espaço Cultural Publisher Brasil. Em cima era a sede da editora e embaixo um bar/espaço cultural com um pequena livraria na frente. Ali, produzíamos para sindicatos, entidades e trabalhamos com campanhas eleitorais naquele ano de 1998.

O espaço cultural foi algo muito legal. Durou pouco, só 2 anos, mas marcou uma época para uma galera de cultura. 

Fizemos, por exemplo, uma semana especial em homenagem ao publicitário Carlito Maia, que ainda estava vivo. Foi emocionante. Apareceram pessoas que o conheciam da época da Globo. Entre elas, Jô Soares, Supla, Mercadante etc. Mario Lago e Plínio Marcos também passaram pelo Espaço Cultural Publisher Brasil. E também Aloizio Biondi, que tocou piano naquela sala, e até o técnico Vanderlei Luxembugo que na época era pop star.

Por que estou contando isso? Porque é o princípio da editora, antes de existir a Fórum. Ficamos ali de 1998 a 2000. Depois, eu e Norian nos separamos, porque o projeto estava em crise e ele abriu uma outra empresa, a Limiar, e eu continuei com a Publisher. Então, surgiu o Fórum Social Mundial em 2001.

Na época, eu era editor da Revista dos Bancários, e amigos me procuraram perguntando: "Você faz a Revista dos Bancários, o que acha de fazer uma revista do Fórum Social Mundial?" O Fórum em Porto Alegre foi um evento muito importante, com 20 mil pessoas de quase 200 países. Aceitei o desafio e fizemos o Número Zero da Fórum, que lançado em abril de 2001.

A revista saiu nas bancas e foi um sucesso, vendemos 20 mil exemplares. Decidi que havia espaço para uma revista de bancas à esquerda, inspirada no Fórum Social Mundial. Então, fiz um acordo com uma distribuidora Fernando Chinaglia, que era uma das duas maiores na época e, em 28 de agosto de 2001, lançamos o primeiro exemplar da Fórum, com uma capa inspirada no Fórum Social Mundial e a Amazônia. A entrevista de capa foi com Mano Brown, e tínhamos artigos de intelectuais e jornalistas importantes.

Vendemos a revista apenas com divulgação pela internet, sem cartazes ou propaganda. O nosso atendimento na Chinaglia até comentou: "Vocês não fazem reprint da capa para as bancas, mas mesmo assim vendem. Ou o jornaleiro gosta da revista ou vocês têm um público fiel." E tínhamos esse público, em parte graças ao Lado B, uma lista de e-mails com 50 mil endereços que reunimos em Porto Alegre durante o Fórum Social Mundial.

A partir daí, a editora mudou. Passou de uma prestadora de serviços para ter um produto: a Revista Fórum. Chamei uma consultoria da Fundação Getúlio Vargas para discutir o projeto. Eles iniciaram o trabalho, mas logo desistiram, dizendo que o projeto não seria sustentável. Se eu tivesse acreditado nisso, teria parado. De fato, por muito tempo, a revista não foi sustentável, mas continuamos. Financiávamos com os serviços da editora e íamos equilibrando as contas.

Para terem uma ideia de como a editora era pequena quando lançamos a Fórum nas bancas, eu alugava uma pequena casa de vila de uns 70 metros que tinha 1 suite, uma sala, uma cozinha espaçosa e um pequeno quartinho. A minha casa era a suíte, que ficava trancada durante todo o dia e o resto era a editora.

Durante um bom tempo fiquei assim na vilinha da Rua Bruno Simoni. Depois consegui alugar a casa vizinha que era do mesmo dono e morava numa delas e na outra ficou sendo a editora. Até que a editora ocupou as duas casas e eu fui morar em outro lugar. Mas isso foi um processo de alguns anos. Fiquei de 2000 a aproximadamente 2012 ali na vila.

Por volta de 2012, percebi que a edição em papel estava se tornando um fardo e que precisávamos migrar tudo para a internet. Com as manifestações de junho de 2013, tive certeza de que não havia mais condições de se fazer jornalismo com uma revista mensal. O mundo estava mudando muito rápido, e decidimos parar com a versão impressa e focar no portal.

A Fórum entrou no seu terceiro ciclo. O primeiro foi o inicial, quando ainda era uma revista bimestral. Isso durou 3 anos, de 2001 a 2004. O segundo ciclo foi a revista impressa já mais consolidada durante os dois primeiros governos Lula, quando a gente passa a ter um protagonismo também nas redes, principalmente num período com o blogue que mantinha, o Blog do Rovai. O terceiro ciclo é do fim da revista impressa e da consolidação da internet. Neste período eu e Adriana Delorenzo, minha atual sócia e parceira, mudamos para Santos no início de 2017. E alugamos uma casa que se tornou sede da empresa, a Casa Fórum. Ela replicou um pouco o que havia sido o Espaço Cultural Publisher Brasil. Em cima era a editora e embaixo um bar com espaço cultural. Foi um sucesso de público, mas economicamente não trazia resultados. Com a pandemia, fechamos a Casa Fórum e ainda tivemos por um tempo outro escritório mais modesto. Mas não era funcional. Ninguém mais queria trabalhar in loco. E os funcionários da Fórum já moravam em diferentes cidades do Brasil e do mundo.

Um pouco antes da pandemia o site da Fórum chegou a ter 50 milhões de visualizações por mês, se tornando um dos portais mais importantes do Brasil.

Hoje, a Fórum tem cerca de 30 funcionários. E não tem uma sede física. As pessoas trabalham de suas residências e se conversam em grupos de whatsapp, onde funciona uma redação virtual. Além de várias cidades do Brasil, temos gente na Europa, Berlim e Lisboa.

Continuamos com alguns serviços na área digital, principalmente monitoramento de redes, mas o foco principal é a revista. 

Atingimos cerca de 10 a 15 milhões de page views por mês no site, mais uns 10 a 15 milhões no Youtube e somando todas as redes, alcançamos aproximadamente 70 a 80 milhões de visualizações mensais. É uma conquista importante para um projeto que nasceu sem investimento e foi construído pouco a pouco. 

Uma coisa que nos orgulha é que, ao longo de nossa história, sempre conseguimos honrar nossos compromissos, sem atrasar salários ou ter problemas trabalhistas.

Agora estamos iniciando um novo ciclo onde vamos investir mais em audiovisual. Já que Youtube se tornou tão importante quanto o site. 
Não dá pra parar, projetos de comunicação precisam de atualização constante. Nesses 30 anos de história da Publisher Brasil e 23 anos da Revista Fórum muitos projetos surgiram e boa parte ficou pelo caminho. A gente continua, step by step, fazendo o caminho ao caminhar, como dizia o poeta. E vamos continuar...