"O anjo que Israel matou". Foi assim que Hanan Abdallah, irmã do adolescente assassinado por israelenses em um ataque aéreo no Líbano, se pronunciou.
Para ela, não há dúvida: o Estado de Israel foi responsável pela morte de Ali Kamal Abdallah, de 15 anos, que morava com o pai, um cidadão paraguaio também morto no ataque, na cidade de Kelya, no Vale do Beqaa. A casa de ambos foi atingida por um míssil disparado pelas forças israelenses comandadas pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
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Ali Abdallah se tornou a primeira vítima fatal brasileira dos bombardeios de Israel no Líbano. No dia seguinte, outra adolescente brasileira, Mirna Raef Nasser, de 16 anos, também foi assassinada em um ataque que atingiu sua casa.
Não há margem para interpretações diferentes: dois jovens brasileiros, civis, estavam em suas casas quando foram atingidos por bombas. Isso é assassinato. E o autor é o mesmo em ambos os casos: Israel.
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No entanto, para a mídia comercial do Brasil, esses brasileiros não foram assassinados — apenas "morreram". Veículos como Folha de S. Paulo, Estadão, O Globo e CNN noticiaram os fatos sem mencionar que Israel foi o responsável pelas mortes, preferindo a narrativa de que simplesmente "aconteceu". Mas será que as pessoas morreram sozinhas? Foi "morte matada", como se diz popularmente, e não "morte morrida".
Vamos às manchetes:
UOL/Folha de S. Paulo: "Brasileira de 16 anos morre no Líbano em meio a ataques de Israel."
Segundo o UOL, parece que a jovem decidiu se colocar "em meio" aos ataques e morrer.
O Globo: "Brasileiro morre em bombardeios israelenses no Líbano, diz Itamaraty."
Mais um caso de brasileiro que aparentemente escolheu morrer em um bombardeio. Mas reparem, é o Itamaraty quem fala — teria sido apenas um boato?
Estadão: "Brasileira de 16 anos natural de Balneário Camboriú morre em bombardeio no Líbano, diz tio."
Para o Estadão, a jovem foi vítima de um bombardeio sem autor definido. Quem sabe o bombardeio surgiu espontaneamente?
CNN Brasil: "Adolescente brasileiro morre em ataque no Líbano."
Mais um impressionante exemplo de ataque sem culpado. Não foi o bombardeio que matou, mas o adolescente que "morreu".
Essas manchetes revelam algo em comum: um esforço vergonhoso da mídia brasileira para poupar Israel de ser nomeado como autor desses crimes de guerra. Ao "impessoalizarem" os assassinatos, elas violam princípios básicos do jornalismo e ajudam a legitimar as ações repugnantes do Estado israelense.
Para os familiares das vítimas, ignorados por essas matérias, seus entes queridos não "morreram". Eles foram mortos. Assassinados. E o responsável tem nome: Israel.
Assista abaixo à análise do caso no quadro Fórum Mídias, do programa Fórum Café: