KRAFTWERK

Kraftwerk, os Beatles da música eletrônica, vem ao Brasil

Todo e qualquer esboço que se faz hoje em dia na música eletrônica, sobretudo na dance music, deve, e muito, a eles

Kraftwerk.Créditos: Divulgação
Escrito en OPINIÃO el

Kraftwerk, o grupo alemão pioneiro da música eletrônica, vem ao Brasil em maio para o C6 Fest, festival que ocorre em São Paulo e Rio de Janeiro. Confesso que passei praticamente a vida toda, intimamente ligada à musica, sem prestar atenção alguma neles. Por mais que o querido amigo Johnny Hansen, da banda Harry, insistisse na genialidade da banda.

O Hansen partiu cedo demais. Hoje, adoraria dizer a ele que, antes tarde do que nunca, me encantei pelo Kraftwerk. Não sei se foi a trilha de algum filme ou qualquer outra referência tecnológica. O fato é que, naquela idade em que a gente insiste em resistir ao novo, eles, que são tão velhos quanto eu, invadiram minha vida pra ficar.

Aprendi que o Kraftwerk é basicamente uma dupla formada e liderada por Ralf Hütter e Florian Schneider em 1970, em Düsseldorf, Alemanha, até a saída de Schneider, em 2008. Entre álbuns de estúdio, compilações e gravações ao vivo, tiveram 13 lançamentos, de 1970 até 2005.

O som da banda é, aparentemente, de uma simplicidade que chega a causar espanto. Ao mesmo tempo, são carregados de motivos melódicos lindos – pra dizer o mínimo – e frases repetidas de sintetizadores em contrapontos coloridos, muito ricos e curtos. É direto e claro, novo para a época e, até hoje, 50 anos depois, espantosamente moderno.

Beatles da música eletrônica

O Kraftwerk está para a música eletrônica assim como os Beatles estão para o rock e o pop. Há o antes e o depois deles. Trancafiados dentro de um estúdio próprio de Dusseldorf, candidamente batizado de Kling Klang – uma onomatopeia que reproduz o universo que transitam – Hütter e Schneider juntos com outros músicos fizeram obras-primas como os álbuns “Autobahn”; “Radio-Activity”; “The Man-Machine” e, é claro, “Tour de Fance”.

Mas vale ouvir todos, sem exceção. Assim como seus coirmãos britânicos, o Kraftwerk nunca gravou nada que fosse dispensável. O mais espantoso é que a banda não dispunha de sintetizadores nos dois primeiros álbuns. Hutter conta que os equipamentos deste tipo chegaram tarde na Alemanha. Tudo era feito no Kling Klang com sons processados a partir de equipamentos antigos. A banda nunca jogava nada fora e usava os equipamentos mais antigos para depois recriar sons.

O que não faltam são depoimentos de estrelas da música pop da década de 80 em diante, afirmando o tanto que devem para o Kraftwerk, entre eles as bandas Joy Division e Depeche Mode. O Kraftwerk exercia uma espécie de liderança estética também dentro do movimento conhecido como Krautrock, que incendiou a Alemanha entre o final da década de 60 e início dos oitenta, que trazia bandas como Can, Neu!, Cluster entre outras.

Daí em diante, é bom que se lembre, todo e qualquer esboço que se faz hoje em dia na música eletrônica, sobretudo na dance music, deve, e muito, ao Kraftwerk. E isto, basta uma pequena observada no cenário musical atual, para perceber que nem de longe é pouco.

Mas o Kraftwerk não é para ser olhado como um museu. Longe disso, é uma banda que deve ser ouvida atentamente por todo e qualquer ser vivente que se interesse por boa música, ousada e bem feita.