LAPADA NO EXTREMISTA

O coice elegante de Lula em Tarcísio durante ato sobre moradia em SP

Presidente foi anunciar assistência habitacional aos moradores da Favela do Moinho, que terão que sair do local porque o governador paulista quer construir um parque lá

Presidente Lula em visita à favela do Moinho, em SP.Créditos: Paulo Pinto/Agência Brasil
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Durante a visita à Favela do Moinho, em São Paulo, nesta quinta-feira (26), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um anúncio importante sobre a assistência habitacional destinada às famílias que serão removidas daquela comunidade. A razão dessa remoção é um projeto do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que pretende construir um parque no local, o que gerou resistência entre os moradores.

O governador foi convidado para o evento, mas optou por não comparecer, preferindo estar em São Bernardo do Campo, berço político de Lula, para entregar unidades habitacionais do programa Casa Paulista. Em seu discurso, Lula não poupou críticas à gestão de Tarcísio, embora o tenha feito de maneira elegante, sem mencioná-lo diretamente.

O tom sutil, mas firme, de Lula

O presidente deixou claro que a sua preocupação estava no bem-estar das famílias da Favela do Moinho. Sem falar o nome de Tarcísio, Lula afirmou que o governo federal não poderia permitir que o processo de cessão do terreno ocorresse já sem que os moradores tivessem a garantia de moradia digna. Ele alertou que, se o processo de cessão fosse realizado agora, as famílias poderiam ser removidas com o uso da força policial, sem nenhum tipo de alternativa habitacional.

“A minha preocupação é que, se a gente fizer a cessão agora, eles vão usar outra vez a polícia e tentar enxotar vocês sem oferecer o que vocês precisam”, disse.

Moradia como prioridade

Lula reiterou que sua prioridade era garantir que as famílias tivessem o tratamento adequado e que não seriam "enxotadas" sem as devidas alternativas de moradia. Ele afirmou que o processo só seria oficializado após garantir que as famílias recebessem o suporte necessário, como casas novas ou alternativas de aluguel social.

“Quando tudo estiver pronto, e quando tiver a casa ou o aluguel que vocês merecem, aí sim, a gente fará a cessão definitiva do terreno para o estado”, acrescentou o presidente.

Implicações sobre o parque de Tarcísio

Lula também fez críticas veladas ao projeto do parque de Tarcísio, ressaltando que, embora seja uma ideia louvável, ela não deveria ser implementada “às custas do sofrimento humano”. Para o presidente, a construção de um parque não pode ser realizada enquanto os moradores da favela ainda enfrentam dificuldades. Ele ressaltou que um projeto desse porte não pode ser desenvolvido enquanto os mais pobres continuam a sofrer com a falta de dignidade.

“Por mais bonito que seja um parque, ele não pode ser feito às custas do sofrimento de um ser humano”, afirmou em tom de indignação.

A ausência de Tarcísio e o papel do governo federal

Lula também fez questão de mencionar que Tarcísio foi convidado para o evento, mas optou por não comparecer, algo que, segundo o presidente, demonstra a falta de compromisso do governador com a situação das famílias da favela. Lula fez questão de reafirmar que as famílias afetadas pela remoção estavam sob a responsabilidade do governo federal, não do governo estadual.

O evento causou grande comoção entre os moradores, que estenderam faixas de agradecimento e receberam o presidente com manifestações de carinho. Ao final do ato, o presidente assinou as portarias que irão garantir moradia para cerca de 880 famílias da comunidade. Ele reforçou que o objetivo é agir com respeito e dignidade, sempre colocando os interesses das famílias em primeiro lugar, afastando qualquer possibilidade de remoção forçada.

Com sua visita à favela e as declarações sobre a moradia, Lula reforçou o compromisso do governo federal em atender às necessidades mais urgentes da população mais vulnerável, enquanto faz um delicado, porém claro, questionamento sobre a postura do governador Tarcísio frente à situação.

 

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