No país da infâmia e do governo abertamente inerte diante das chagas impostas ao povo após mais de três anos de uma política extremista desastrosa que lançou a República num oceano de miséria, desesperança e ódio difuso, Jair Bolsonaro, o mensageiro do caos, espécie de divindade que milicianizou o Brasil e tragou para o ralo da morte o pouco de vida que tínhamos, retoma a mais emblemática das ações desavergonhadas de seu mandato: as motociatas.
Símbolo de sua verve detestável e vitrine das milícias organizadas e desorganizadas do país, nesta sexta-feira (15), ele voltou a São Paulo, a maior metrópole brasileira, para desfilar com sua moto potente, cercado por uma matilha lorpa que exala violência e ódio por todos os poros. Tudo isso, que custa milhões de reais cada vez que o “evento” ocorre, pago pelo contribuinte. Seu governo não tem um mísero plano mambembe para tentar achatar a inflação, ou diminuir o desemprego e a miséria, mas o exibicionismo boçal dos detestáveis tem espaço (e dinheiro) de sobra para figurar como prioridade.
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É a institucionalização do banditismo e da vilania.
Denominada “Acelera Para Cristo”, a motociata desta sexta ensolarada partiu de São Paulo às 10h e tomou como rumo a rodovia dos Bandeirantes. Tarcísio de Freitas, seu ex-ministro da infraestrutura e candidato a governador do estado mais rico e populoso do país, participou da celebração dantesca que evoca simbologia cristã para conquistar as camadas mais reacionárias de uma gente permanentemente em transe.
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As imagens são as mesmas, desde o período da pandemia. Dinheiro público sendo rasgado, deboche da cara dos brasileiros que passam fome (e nunca foram tantos) e as clássicas bandeiras cretinas que alienam o debate político, tornando-o raso, estéril e ameaçador.
Um levantamento divulgado pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo à rede CNN mostra que apenas na encenação descabida e grotesca desta Sexta-feira Santa, Bolsonaro torrou R$ 1 milhão. Se somadas as motociatas realizadas desde 2021, o valor absurdo para sustentar a farra arruaceira de um sujeito a quem chamamos de chefe de Estado chegou a R$ 7,82 milhões.
A palhaçada ainda gera problemas para a população. Na saída de um feriado, quando o trânsito já é naturalmente perturbado, uma das principais estradas de São Paulo teve pistas interditadas num trecho de 137 quilômetros, entre a capital e a cidade de Santa Bárbara d’Oeste.
Daqui para frente, cada vez mais teremos que conviver com as demonstrações nojentas e sujas de poder, por parte do elemento político mais deletério da História do Brasil, que se nega a aceitar que sua derrocada pode estar próxima do fim. Agora, é respirar fundo, segurar a náusea e somar forças até a batalha final, em outubro.