PINTURA

Blanche Hoschedé-Monet: a artista do impressionismo relegada ao anonimato

A enteada de Monet, um dos principais nomes do movimento impressionista, era uma artista talentosa, mas passou anos na escuridão

Pintura de Monet retrata Blanche Hoschedé pintando em seu cavalete.Créditos: Claude Monet
Escrito en HISTÓRIA el

Claude Monet, um dos principais nomes do movimento impressionista, encantou o mundo, no final do século XIX, com pinturas de cenários naturais, pinceladas soltas e uma grande ênfase nos efeitos causados pela luz e pelas cores nos ambientes — representados por matizes e traços em vez de detalhes precisamente trabalhados.

Mas um fato pouco conhecido sobre Monet — ou em relação a ele — é que sua enteada, Blanche Hoschedé Monet, também pintava quadros impressionistas — muitos deles retratando os mesmos cenários, e com uma habilidade única. Ela era assistente de Monet e frequentemente pintava ao lado dele; algumas pinturas do artista a retratam nessa função, como é o caso de Nos bosques de Giverny: Blanche Hoschedé em seu cavalete com Suzanne Hoschedé lendo, de 1887.

Pintura de Monet retrata Blanche Hoschedé pintando em seu cavalete. Créditos: divulgação

Algumas das pinturas de Blanche Hoschedé-Monet, como Palheiro em Giverny, Choupos à Beira d’Água ou Manhã no Sena, retratam temas comuns ao impressionismo e carregam forte inspiração no estilo de seu padrasto, mas também se distinguem estilisticamente de forma natural: seus traços eram mais firmes e definidos, e as cores usadas variavam em relação às pinturas que Monet traçava dos mesmos cenários.

Frequentemente representando os mesmos cenários que Monet, Blanche Hoschedé tinha um estilo diferente, mais firme e definido. 
Créditos: pintura de Blanche Hoschedé-Monet / divulgação

Em Manhã no Sena, perto de Giverny, de 1897, num cenário retratado por ambos, a distinção de estilos de pintura fica ainda mais evidente.

Blanche passou anos na escuridão em se tratando do mundo da arte. Apesar de ter pintado mais de 300 obras, poucas delas estão em coleções públicas, nota a BBC.

Foi necessário que uma exposição sobre suas contribuições fosse organizada no Museu de Arte de Sidney, na Austrália, e em Indiana, nos Estados Unidos, para trazê-la ao olhar do público. A mostra reúne 40 pinturas feitas por ela, além de esboços, fotografias e cartas de seu acervo pessoal, que mostram seu papel como auxiliar do padrasto e a origem de sua estética própria na arte.

É difícil encontrar até mesmo registros virtuais de suas obras, espalhadas por pequenos acervos de museus na França e nos EUA — com apenas uma obra tornada pública: Os salgueiros-chorões no lago dos lírios, em Giverny, de 1893-97.

De acordo com um caderno de notas recuperado do acervo de Blanche, sua pintura preferida do padrasto Monet era A leitora, de 1872, que retrata uma mulher sentada na grama, perpassada por feixes de luz que se transformam em padrões luminosos e dispersos no chão verde e sobre seu longo vestido, enquanto lê apoiada na vegetação.

Em seu caderno, ela diz ficar “profundamente impressionada” pelos toques de luz que se achegam à figura da mulher retratada — a primeira esposa de Monet, Camille.

A leitora (1872), Claude Monet.

 

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