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Mito ou realidade: essas são algumas das lendas que dividem os historiadores até hoje

Você conhece a história da Arca da Aliança? Ou a lenda da espada da Joana d'Arc? Conheça mais dessas lendas centenárias

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Historiadora e professora, formada pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Escreve sobre história, história politica e cultura.
Mito ou realidade: essas são algumas das lendas que dividem os historiadores até hoje
Joana d'Arc abraçada com sua espada, uma das relíquias mais procuradas do mundo. wikipédia

Ao longo da história da humanidade, os homens construíram artefatos e monumentos tão extraordinários que se tornaram lendas. Muitos desses objetos estão cercados por mitos, religiões, tradições e histórias antigas que ultrapassam séculos. Alguns estudiosos os tratam como símbolos, outros como realidades esquecidas — mas o fato é que continuam sendo procurados até hoje, despertando fascínio, esperança e imaginação.

Se são lendas ou realidades escondidas no tempo, ainda é motivo de debate. O que não se pode negar é o impacto cultural e histórico desses artefatos misteriosos, que permanecem entre os maiores enigmas não resolvidos da história.

O Santo Graal

A donzela do Santo Graal por Dante Gabriel Rossetti
(foto: wikipédia)

Talvez o mais famoso dos artefatos perdidos, o Santo Graal é tradicionalmente descrito como o cálice utilizado por Jesus Cristo na Última Ceia e que teria sido usado por José de Arimateia para recolher o sangue de Cristo durante a crucificação. Ao longo da Idade Média, o graal passou a ser tema de romances e poemas, especialmente nas lendas do rei Arthur e dos cavaleiros da Távola Redonda. Muitas interpretações simbólicas o ligam à busca espiritual, à pureza ou à vida eterna. Diversos locais já foram sugeridos como possíveis esconderijos do graal, de castelos medievais a grutas secretas, mas ele nunca foi encontrado.

A Arca da Aliança

Réplica da Arca da Aliança
(foto: wikipédia)

Descrita na Bíblia como o cofre sagrado construído para abrigar as tábuas dos Dez Mandamentos, a Arca da Aliança é um dos objetos mais enigmáticos da tradição judaico-cristã. Segundo o Antigo Testamento, a arca era uma fonte de imenso poder e acompanhava os israelitas em batalhas, protegida dentro do Templo de Salomão, em Jerusalém. Com a destruição do templo, a arca desapareceu. Teorias sobre seu paradeiro variam: alguns acreditam que esteja escondida sob o Monte do Templo; outros, que foi levada para a Etiópia, onde ainda seria guardada por monges. Mesmo com séculos de buscas, a arca permanece um mistério.

A cidade de El Dorado

Suposta localização de Eldorado
(fofo: wikipédia)

El Dorado, que significa “o dourado” em espanhol, começou como uma lenda sobre um rei coberto de ouro que mergulhava em um lago sagrado como ritual de oferenda. Com o tempo, essa figura lendária se transformou na ideia de uma cidade inteira feita de ouro, escondida em algum lugar da América do Sul. Exploradores europeus, especialmente os espanhóis no século XVI, partiram em expedições arriscadas e devastadoras para encontrar El Dorado. Embora nunca tenham encontrado a cidade, a lenda persistiu — alimentada por relatos indígenas, descobertas arqueológicas e mitos locais. Muitos acreditam que a lenda surgiu a partir de práticas reais de oferendas de ouro entre povos andinos e amazônicos, mas a cidade em si nunca foi localizada.

A espada de Joana d’Arc

Representação de Joana d'Arc
(foto: wikipédia)

Joana d’Arc, a camponesa francesa que liderou tropas durante a Guerra dos Cem Anos e foi canonizada como santa, afirmava ter recebido orientação divina para libertar a França. Segundo os relatos, ela encontrou sua espada enterrada atrás do altar da igreja de Santa Catarina de Fierbois, após uma visão mística. A espada passou a acompanhá-la em batalhas e tornou-se um símbolo de sua missão. Após sua captura e execução pelos ingleses, a espada desapareceu. Alguns acreditam que ela foi destruída, outros que foi escondida por simpatizantes. Apesar das buscas e das histórias que cercam sua figura, a verdadeira espada de Joana d’Arc jamais foi reencontrada.

A cidade perdida de Atlântida

Suposta localização de Atlântida
(foto: wikipédia)

Descrita pelo filósofo grego Platão, Atlântida seria uma ilha grandiosa e tecnologicamente avançada, que desapareceu subitamente sob o oceano como castigo dos deuses. Ao longo dos séculos, exploradores, historiadores e sonhadores tentaram localizar a cidade — associando-a ao Mar Mediterrâneo, ao Oceano Atlântico, ao Caribe e até à Antártida. Para alguns estudiosos, Atlântida é apenas uma alegoria criada por Platão para criticar a arrogância das civilizações. Para outros, há indícios de que possa ter sido inspirada em eventos reais, como a destruição da civilização minoica em Santorini. Seja como for, a cidade perdida continua sendo alvo de buscas e teorias em todo o mundo.

Entre o mito e a história

Esses artefatos e cidades lendárias ocupam um espaço único entre a realidade e a ficção. Ainda que não tenhamos provas concretas de sua existência, suas histórias continuam vivas. Elas são passadas de geração em geração, alimentando tanto a curiosidade científica quanto o fascínio popular. Talvez o verdadeiro valor dessas relíquias não esteja apenas em encontrá-las, mas no que representam: o mistério, a fé, a busca pelo desconhecido — e a eterna vontade humana de compreender o passado.

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