Algumas construções erguidas durante o Império Romano permanecem preservadas após mais de dois mil anos. Estruturas como o Panteão de Roma, os aquedutos de Segóvia, na Espanha, e os banhos romanos na Inglaterra continuam de pé, em grande parte devido às propriedades únicas do concreto utilizado na época.
Pesquisadores ainda investigam a composição exata do concreto romano. Sabe-se, no entanto, que ele inclui ingredientes com capacidades de autocura e longa durabilidade, como cinzas vulcânicas e cal viva.
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Essas características diferenciam o material de ligantes modernos, como o cimento Portland, cuja durabilidade média é de 75 a 100 anos, segundo a professora Somayeh Nassiri, da Universidade da Califórnia, em Davis.
O concreto moderno é obtido a partir da moagem de clínquer — um composto gerado ao aquecer calcário e argila a 1.482?°C — transformando-o em um pó fino conhecido como cimento. A história desse material remonta a 6.500 a.C., quando sírios da Idade da Pedra teriam descoberto a cal acidentalmente. Povos maias também utilizaram cal viva de forma semelhante por volta de 1.100 a.C.
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Já os romanos introduziram o concreto em larga escala no século III a.C., conforme relata Kevin Dicus, professor da Universidade do Oregon. Um exemplo emblemático é o Túmulo de Cecília Metela, construído no século I a.C., ainda intacto.
Composição diferenciada e métodos específicos
O diferencial do concreto romano está nos componentes e na forma como eram combinados. Um dos principais elementos é a pozolana, cinza vulcânica proveniente da região de Pozzuoli. Esse material reagia com cal e água a temperatura ambiente, resultando em um composto com elevada resistência mecânica. Atualmente, cinza volante e pedra-pomes são equivalentes utilizados em cimentos hidráulicos.
Outro componente fundamental eram os clastos de cal — fragmentos de cal viva — que permitiam ao concreto romano reagir com água e formar calcita nas fissuras, promovendo o reparo espontâneo. Essa característica foi confirmada em estruturas antigas com rachaduras preenchidas por cristais de calcita.
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Descobertas recentes e técnicas avançadas
Em 2023, um estudo do MIT publicado na Science Advances analisou amostras de concreto romano com uso de microscopia eletrônica e espectroscopia de raios X. O objetivo era entender como as estruturas resistiram ao tempo. Os pesquisadores observaram que a mistura a quente — combinação de cal viva, pozolana e água com posterior aquecimento — favorecia a preservação dos clastos e acelerava a cura do material.
No processo industrial moderno, os clastos são eliminados devido à moagem fina do clínquer. Isso impede que o cimento Portland tenha as mesmas propriedades de autorreparação identificadas nas construções romanas. Estudos continuam em andamento para compreender por completo os métodos de produção utilizados na Antiguidade.
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*Com informações de Lives Science