Laguna, primeiro time vegano da América, quer chegar ao Brasileirão em dez anos
Dentro de campo, a aposta é no drible, fora dele na preocupação ambiental. Assim, clube da cidade da Praia da Pipa, quer fazer sucesso
Tibau do Sul é uma pequena cidade do litoral do Rio Grande do Norte. Localizada 77 quilômetros ao Sul de Natal, é famosa por abrigar a Praia da Pipa, um dos pontos turísticos do estado. E, há dois anos, por ser sede do Laguna F.C, o primeiro time vegano do Brasil, da América e segundo do Mundo.
Há um mês, dia 24 de novembro, conseguiu seu primeiro grande feito: venceu o Univap por 3 x 2 na cidade de Apodi e se sagrou campeão da segunda divisão potiguar.
É o primeiro passo para um projeto ambicioso. No site oficial o clube diz que chegará ao Brasileiro da Série A no máximo em dez anos. Algo que apenas o América, um dos dois maiores do estado ao lado do ABC, conseguiu.
Não é só isso. Não basta chegar lá, entre os maiores. O Laguna quer fazer isso de jeito diferente, resgatando tradição brasileira. "Nosso slogan já diz muito: Alegria de Jogar Futebol! O Laguna nasceu para resgatar o futebol de vanguarda, bonito de se ver, cheio de dribles, torcida entusiasmada. O mais puro e alegre futebol brasileiro", é o propósito documentado do clube, que não se define como apenas um clube.
Fundado em maio de 2022, por Gustavo Nabinger e Rafael Schiavi, em um modelo startup, é a primeira SAF do Rio Grande do Norte e se compromete "em diminuir o impacto ambiental e aumentar o impacto social onde vivemos".
O veganismo é um dos pontos da ação. O clube serve seis refeições diárias a seus jogadores, funcionários e comissão técnica. Refeições veganas criadas por nutricionistas da Sociedade Vegetariana Brasileira.
Os números da alimentação vegana no Laguna são expressivos. Para se ter ideia, apenas em 2023 o clube economizou 1 milhão de metros quadrados de terra, preservou 186 milhões de litros de água e evitou a emissão de 481 mil quilos de CO², equivalente a 3 milhões de quilômetros percorridos por um carro comum. 'Esses resultados reforçam o impacto positivo do clube na luta contra as mudanças climáticas', informa a Sociedade Vegetariana Brasileira.
A chef Mirna Ribeiro e a nutricionista Marcela Worcemann, ambas da SVB, foram peças-chave no processo de implementação da dieta vegana no clube. “Foi muito mais do que ensinar receitas; foi uma transformação na visão sobre alimentos à base de plantas. Ver os atletas sentirem em campo os benefícios dessa alimentação na performance e recuperação física é gratificante”, destacou Mirna.
O Laguna é conhecido como time "algodão doce", de forma carinhosa por seus torcedores e preconceituosa pelos adversários.
Até aonde chegará, com sua aposta em drible, preocupação ambiental e veganismo? O Brasileiro da Série A parece um sonho impossível, mas a história já está sendo feita.