Pesquisadores descobrem nova espécie de réptil no bioma mais ameaçado do Brasil

Bioma mais afetado pelas atividades de desmatamento foi palco de descoberta de uma nova espécie por pesquisador brasileiro, diz estudo publicado na National Library of Medicine

Cerrado.Créditos: Google photos
Escrito en MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE el

Pesquisadores do Laboratório de Biogeografia e História Natural de Anfíbios e Répteis do Inbio (Instituto de Biociências), da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), descobriram uma nova espécie de cobra-papagaio na região do Cerrado Brasileiro.

A cobra-papagaio recebe esse nome por sua coloração de verde vibrante, com uma faixa amarelada que se estende por todo o dorso. São cobras arborícolas (encontradas em galhos e arbustos), com incidência em vários biomas brasileiros. A descoberta da nova espécie (Leptophis mystacinus) foi fruto do trabalho de doutorado de Nelson Rufino, professor do Inbio responsável por coordenar as atividades de pesquisa. 

O estudo que descreve a descoberta da nova espécie de cobra-papagaio foi publicado na National Library of Medicine.

De acordo com os pesquisadores, a Leptophis mystacinus tem ocorrência nos estados de Goiás, Bahia, no bioma do Cerrado do Tocantins e em regiões próximas do rio Araguaia, e foi associada à Leptophis dibernardoi, uma outra espécie encontrada no bioma da Caatinga. 

Ambas as espécies têm uma "conexão evolutiva", comum dos répteis, assim como entre os biomas (Cerrado e Caatinga), que têm "um histórico evolutivo similar", explicam os pesquisadores.

Leptophis mystacinus, nova espécie de cobra-papagaio descoberta no Cerrado. 
A) visão lateral de perfil; B) visão lateral da cabeça.
Créditos: L. A. Silva.

Uma diferença da nova espécie do Cerrado, entretanto, é a faixa pré-ocular preta (comum às cobras-papagaio, que vai de um olho ao outro), que, no caso dela, não se restringe aos olhos, mas percorre toda a extensão do corpo.

Outra coisa que a diferencia é a estrutura do seu órgão copulador, o chamado "hemipênis", comum do grupo de répteis Squamata, que se divide em dois e pode conter "ornamentações, como espinhos, franjas ou um formato diferenciado". 

Imagem ampliada de hemipênis de Leptophis mystacinus. Créditos: L. A. Silva

Hoje, o Cerrado é considerado o bioma mais ameaçado do Brasil, onde está mais de metade de toda a área natural desmatada no país, de acordo com dados de 2023.

Em 2024, a taxa de desmatamento do bioma foi reduzida em 33%, mas continua alta, evidenciam órgãos de pesquisa ambiental. Naquele mesmo ano, os incêndios que se alastraram pelo Brasil consumiram aproximadamente 9,7 milhões de hectares do Cerrado, com 85% das áreas afetadas correspondendo a vegetações nativas.


 

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