O vegetarianismo e o veganismo são muito mais do que o hábito de se recusar a ingerir alimentos que contenham origem animal – são também um movimento que carrega um ato político por trás.
Muitas vezes boicotado por grandes indústrias, que resumem o vegetarianismo e o veganismo ao consumo de produtos industrializados superfaturados, essa prática alimentar na realidade não reduz os nutrientes absorvidos pelo corpo e pode ser muito acessível, financeiramente, de se manter.
Embora o vegetarianismo e o veganismo despertem interesse nas pessoas, a maior dúvida delas ao redor do regime baseado em consumo de alimentos vegetais é justamente a saúde: será que meu corpo conseguirá se acostumar com a nova rotina alimentar?
A primeira coisa a se atentar é que, assim como a adaptação de uma nova dieta, o momento de transição para uma alimentação vegetariana ou vegana poderá surtir efeitos no organismo humano. No entanto, quais mudanças e o nível de alteração no metabolismo será justificado pela forma que a nova alimentação será introduzida?
De acordo com o nutricionista Aitor Sanchez, as alterações não são tachadas como “melhor ou pior”, uma vez que dependem dos alimentos que serão escolhidos para compor o novo hábito.
A adaptação corporal aos nutrientes também é independente da dieta vegetariana e vegana. Caso alguém não seja acostumado a ingerir ferro, por exemplo, e comece a consumir mais alimentos que o contenham, o intestino começará a se desenvolver para receber melhor o nutriente, mas isso não está ligado com o regime alimentar da pessoa.
Outro mito social muito reproduzido é de que o vegetarianismo e o veganismo são modos de vida que levam à anemia. Uma pessoa que possui alimentação onívora pode apresentar a condição devido aos maus hábitos, sem haver ligação com “falta de ingestão de carnes”.
Por isso, a anemia não está ligada à restrição de alimentos de origem animal, mas à falta de nutrientes no corpo, independentemente da pessoa ser vegetariana ou vegana.
"Em nível epidemiológico, eles [pessoas vegetarianas ou veganas] não apenas têm os mesmos níveis de saúde, mas em alguns marcadores são até melhores. Mas isso é em nível populacional. Não podemos dizer o que acontecerá com um indivíduo”, diz o nutricionista.
Quanto à vitamina B12, responsável pela formação das células e com ações no sistema nervoso, é necessário que tanto o regime vegetariano quanto o vegano incluam suplementos da substância. Porém, isso não significa que tal rotina alimentar seja "incompleta", uma vez que pessoas onívoras suplementam a vitamina B12 de forma indireta.
Em relação à percepção de que pessoas veganas ou vegetarianas possam ser "mais saudáveis", devido ao fato de cuidarem de sua alimentação e, muitas vezes, deixarem de lados maus hábitos, como o sedentarismo e o tabagismo, Sanchez afirma que tais variáveis devem ser consideradas mas, além disso, estudos científicos que consideram tais contextos mostram que a dieta vegetariana é mais saudável, quando bem aplicada.
"Isso geralmente é atribuído ao fato de que os vegetarianos ou veganos comem mais frutas, legumes ou verduras. Mas a quantidade desses alimentos que deve ser ingerida é a mesma que devemos ingerir como onívoros. Portanto, se eles comem, pode ser porque são mais preocupados com a saúde", acrescenta o nutricionista.
Essa observação está interligada com o fato de que a origem dos nutrientes de pessoas vegetarianas e veganas vem de legumes, frutas e verduras e, quanto mais opções forem ingeridas, mais diversificada é a alimentação.