A Polícia Militar (PM) de São Paulo, comandada pelo secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, com o aval do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), fez mais uma vítima fatal.
O jovem Ruan Corrêa Arruda da Silva, de apenas 22 anos, morreu ao ser baleado na cabeça por um dos PMs, na madrugada desta quinta-feira (6), no bairro Pae Cará, em Guarujá.
Te podría interesar
Ruan, que estudava e tinha dois empregos - era pescador profissional e agente de uma empresa de consultoria ambiental -, foi atingido enquanto empinava sua moto. Após o disparo, ele perdeu o controle do veículo, foi arremessado e se chocou com um carro estacionado.
Revoltada, a família garante que o rapaz foi assassinado apenas por realizar manobras com a moto, e que o policial agiu com despreparo. A corporação, por sua vez, alega que o tiro foi acidental.
Te podría interesar
“Era um rapaz trabalhador, cheio de vida. O que ele gostava de fazer era empinar moto, algo que a família não apoiava. E, nessa madrugada (quinta), por volta de 1 hora, horário em que eles costumavam empinar por conta do pouco trânsito já que a cidade não oferece apoio para esse tipo de prática, assassinaram meu afilhado por fazer algo que gostava. Um rapaz cheio de sonhos teve a vida ceifada por um policial despreparado, e agora é fácil dizer que foi acidental. Um covarde mata um inocente e não tem coragem de assumir o que fez”, desabafou Luciano Sant´Anna, tio e padrinho do jovem, em entrevista para A Tribuna.
Ainda conforme Sant’Anna, depois do tiro, um amigo de Ruan tentou registrar a cena, mas os policiais teriam impedido a gravação. Ele disse, também, que as câmeras corporais dos agentes estavam desligadas.
“Eles atiraram nele lá atrás, e ele veio desfalecendo. Perdeu o controle da moto, apagou e caiu. Bateu no meio-fio e ficou ali no canto. O amigo tentou se aproximar para ajudar, mas os policiais o impediram. Ainda levaram o rapaz para averiguação e só o soltaram pela manhã, oprimindo-o ainda”, acrescentou o padrinho.
“À noite, ainda fazia entregas como motoboy. Quando terminava o expediente, às vezes saía para empinar. Durante as férias, chegou a trabalhar em outra empresa, de carro, em Santos, junto com um amigo. Não era nenhum vagabundo. Nunca teve passagem pela polícia. Era um rapaz dedicado, fez vários cursos, tirou recentemente a carteira da Capitania para conduzir embarcações e trabalhar no setor aquaviário. Era sócio da colônia de pescadores, como eu também sou. Pescava comigo. E agora está nessa situação”, completou Sant´Anna.
O que dizia e o que diz o BO
A princípio, o caso foi registrado como queda acidental. Porém, a Polícia Civil apurou que o jovem morreu com um tiro na cabeça, disparado por um PM que atuou na ocorrência. O policial é investigado por homicídio.
O BO aponta que os PMs flagraram um grupo de motociclistas realizando manobras empinando motos na madrugada de quinta-feira (6), no bairro Pae Cará. Ainda segundo o registro policial, os “suspeitos” fugiram ao perceberem a aproximação dos agentes.
Um dos motociclistas ingressou pela Rua Waldemar Lopes Ferraz e os PMs o seguiram. Ainda segundo o BO, ao fazer a curva para entrar na rua, a pistola empunhada pelo PM disparou “acidentalmente” fora da viatura.
Na primeira edição do BO constava que Ruan foi encaminhado ao Hospital Santo Amaro. Entretanto, já na noite de quinta (6), o delegado atualizou o documento depois de ter recebido a informação sobre a possibilidade da morte do rapaz, o que não havia sido comunicado à delegacia.
No hospital, ainda conforme o BO, a Polícia Civil confirmou a morte do rapaz à tarde. Porém, Juliana Corrêa, a mãe da vítima, afirmou ao G1 que o filho deu entrada durante a madrugada e morreu pela manhã.
O corpo apresentava um ferimento resultado por lesão perfurante na região da têmpora esquerda. Diante dessas informações, o BO foi modificado para incluir o crime de homicídio. O policial militar autor do disparo está sendo investigado.
Siga o perfil da Revista Fórum e do jornalista Lucas Vasques no Bluesky.