Até há pouco o trabalho de Abel Ferreira era inquestionável. Uma guarda pretoriana o defendia de toda ou qualquer crítica. Eliminação para o Furacão em casa pela Libertadores do ano passado, eliminação para o São Paulo na Copa do Brasil - dois anos seguidos no campo do Palmeiras - briga com Calleri - comportando-se como um jogador e não um treinador - nada disso pegava. Era puro teflon.Nada colava.
Mas não há quem aguente tantos erros acumulados. Muitos de seus seguidores já o criticam. E tudo vai aumentar depois do 2 x 1 do Santos de Marcelo Fernandes. É a terceira derrota seguida no Brasileiro, entremeada com a eliminação para o Boca nos pênaltis. Foi criticado por deixar Endrick no banco de Mayke, um lateral. Deu patada em quem o questionou e, no jogo seguinte, contra o Santos, lá estava Endrick de titular.
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E Abel, que sempre reclama - de tudo - não pode falar nada. Nem de árbitro, quarto árbitro, calendário maia, de nada. O Santos de Marcelo Fernandes é uma bela surpresa e fez por merecer. O treinador - sem griffe e apenas há uma semana com o status de efetivo, mostrou um time agressivo, com três zagueiros e alas rápidos. Com Soteldo, o minicraque - não enfrentou o Palmeiras - e o artilheiro Marcos Leonardo. E que se defende com linha de cinco.
Um time brigador, o tempo todo. Conseguiu três vitórias em três jogos, duas delas de virada, contra Bahia e Palmeiras e uma goleada contra o Bahia. Chegou a 30 pontos, livrou três do Z-4 e já está nos calcanhares do Corinthians. Uma reação que parecia impossível com Paulo Turra ou Diego Aguirre, mas que está se consolidando para mostrar mesmo que o Santos é "incaível".
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O Botafogo é outro que reagiu com treinador sem griffe. Lúcio Flávio e Joel Carli ainda tem o título de treinador interino. E fizeram o Botafogo dominar o Fluminense desde o primeiro minuto. Marcou duas vezes antes dos 25 minutos e afastou o fantasma de "cavalo paraguaio" que já o assombrava.
Vamos relembrar. O primeiro turno terminou com o Botafogo com 47 pontos,13 a mais que o Grêmio. Era o time de Luiz Castro, que havia saído na 12º rodada. Veio Bruno Lage e tudo empacou. Seu último jogo foi na rodada passada, quando escalou Diego Costa e deixou Tiquinho Soares no banco. Foi a gota dágua. Depois de sete jogos e apenas uma vitória deixar o ídolo e melhor jogador no banco, Ele entrou no segundo tempo e fez o gol de empate. Já era tarde. Os jogadores deixaram claro que Lage não era mais benquisto.
A diferença que era de 13 para o Grêmio já estava em sete para o novo segundo colocado, o Bragantino. Mas a vitória sobre o Fluminense, além das derrotas de Palmeiras e Grêmio, além do empate do Flamengo deram um alívio. Mesmo que o Bragantino vença o Furacão - escrevo enquanto o jogo está rolando - a diferença continuará sendo de sete pontos. E com uma rodada a menos para o final.
Nem sempre griffe resolve.
Marcelo Fernandes, Lúcio Flávio e Joel Carli deixaram claro.