Confirmado como autoridade federal que vai comandar o ministério extraordinário que será criado para reconstrução do Rio Grande do Sul, o ministro-chefe da Secom, Paulo Pimenta, publicou um vídeo na rede X às 8h desta terça-feira (15) quando embarcava para o anúncio que será feito por Lula no Estado.
Na Folha de S.Paulo, 4 minutos antes, Fábio Zanini - autor do blog Saída pela Direita durante o governo Jair Bolsonaro (PL) - publicava uma nota em que o governador gaúcho, Eduardo Leite, reclamava de ter sido avisado "pela imprensa" do anúncio que será feito por Lula nesta quarta, mas que já estampava as manchetes dos principais sites de notícias - incluindo esta Fórum - na noite anterior.
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O timing da notícia, publicada pelo jornal da família Frias durante o embarque da comitiva para o sul, causou surpresa na comunicação da Presidência, impossibilitada de divulgar o outro lado da informação por Lula e Pimenta estarem em voo.
Na noite anterior, tão logo a informação foi divulgada, Lauro Jardim divulgou uma coluna no jornal O Globo em que diz que "Lula usa tragédia gaúcha para se livrar de Pimenta na Secom".
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O texto canalha, sem fontes, diz de forma baixa, vil, que Lula "inventou um cargo para Pimenta e o tirou da Secom" em meio à maior tragédia climática que já atingiu o país, que já conta 149 mortos e 108 desaparecidos, além de atingir mais de 20% dos mais de 10 milhões de gaúchos.
"Embora reconheça a lealdade de Pimenta e goste pessoalmente dele, Lula já havia decidido rifá-lo", especula o jornalista da Globo.
O cargo "inventado", segundo Jardim, por Lula nada mais é do uma missão hercúlea e importantíssima, que coloca frente a frente dois modelos de gestão pública: a que prioriza o social e os seres humanos, com Lula à frente, e a neoliberal, voltada para os interesses do "mercado" e defendida por Leite, Folha, Globo e Paulo Guedes - o avalista de outra tragédia recente no Brasil, o governo Jair Bolsonaro (PL).
Em meio a um desastre humano sem precedentes, provocado em grande parte pela ganância dos endinheirados e sua visão neoliberal do mundo, Globo e Folha se aliam a Leite na politicagem de uma tragédia que é, em grande parte, política.
Pimenta é potencial candidato ao governo do Rio Grande do Sul em 2026. Como deputado, foi limado por anos de entrevistas na Globo e na mídia liberal, especialmente durante o conluio com a Lava Jato.
Mesmo amenizando o tom nas entrevistas após assumir a Secom, é alvo constante de ataques e chantagens da mídia liberal.
Lula colocou Pimenta à frente do ministério da reconstrução do Rio Grande do Sul por ser uma pessoa de extrema confiança dele e por desconfiar - com toda razão - de como Eduardo Leite e Sebastião Melo (MDB), prefeito de Porto Alegre, conduzirão o processo.
Perdido em meio à tragédia após se gabar até mesmo de querer derrubar o muro de contenção das águas do Guaíba para privatizar a região das docas, Leite sabe que Pimenta representa uma ameaça real ao projeto neoliberal levado a cabo pelo PSDB no Estado desde 2008.
Como braço de Lula, Pimenta terá contato direto com as prefeituras e a população gaúcha, além de acompanhar de perto toda destinação ao montante bilionário destinado para reconstruir toda a infraestrutura do Estado.
Caso seja bem sucedido e "apareça" mais que Leite, Pimenta pode levar novamente o projeto do PT ao Palácio do Piratini, dando continuidade ao trabalho de Tarso Genro e Olívio Dutra.
Globo e Folha sabem disso. E por isso voltarão suas artilharias contra ele, mesmo em meio à maior tragédia climática já vivida no Brasil.
Assim como os interesses neoliberais que provocaram em grande parte o desastre no Rio Grande do Sul, a falta de escrúpulos na guerra da informação une Globo, Folha, Leite, Melo e o bolsonarismo.