Opinião

A eleição presidencial de 2026 será decidida nos "20% do segundo tempo" – Por Justino Pereira

É para essa fatia da população (suas carências, desejos e necessidades) que Lula e seu governo devem olhar desde já se quiserem continuar governando o país por mais um mandato

Escrito em Opinião el
Jornalista e profissional de marketing político, tema sobre o qual fez mestrado. Foi coordenador de Publicidade da Prefeitura de São Paulo, secretário de Comunicação de Guarulhos e um dos hosts do podcast “Consultório Eleitoral do Dr. Campanha,” no ar por dois anos na Rádio Brasil Atual FM (os episódios apresentados podem ser ouvidos no Spotify). Autor do capítulo “Cinco coisas que você precisa saber para mobilizar seus apoiadores, desde a pré-campanha até o Dia D” do manual “Marketing Político no Brasil” editado pelo Clube Associativo dos Profissionais do Marketing Político (CAMP), principal associação do gênero do país. Foi também consultor associado da De Vengoechea & Associates, empresa norte-americana voltada ao mercado eleitoral latino.
A eleição presidencial de 2026 será decidida nos "20% do segundo tempo" – Por Justino Pereira
Ricardo Stuckert / PR

Pesquisa recente do Datafolha, empresa pertencente ao mesmo grupo que também é dono do UOL e do PagBank, entre outras, trouxe um resultado que quantificou o que já é possível sentir nas ruas, famílias e redes faz algum tempo: a maioria, 70% dos brasileiros e brasileiras, está dividida igualmente entre lulistas e bolsonaristas, indo 35%, na média, para cada lado. Os 30% restantes se apresentaram como sendo “neutros” (20% deles), disseram não preferir nenhum dos dois (7%). E 3% não souberam (não quiseram?) responder. As respostas foram dadas nos dias 10 e 11 deste mês.

O que esses números significam, na prática? Algumas coisas muito importantes. Primeiro, que 70% dos potenciais eleitores (digo potenciais porque nem todos os que responderam à pesquisa irão votar; muitos ficarão em casa) já estão decididos e não mudarão o seu voto: quem gosta de Lula votará nele - mesmo que esteja muito insatisfeito com o seu governo - e quem não gosta, não votará - mesmo que o presidente seja agraciado com o Prêmio Nobel de Medicina por ter descoberto a cura do câncer. Não haverá marqueteiro capaz de mudar essa realidade (e os bons marqueteiros sabem disso).

Segundo, significa que todos os esforços políticos, econômicos, comunicacionais, do presidente, de sua equipe e da esquerda em geral, daqui até o dia da eleição, para terem efeito decisivo no resultado eleitoral, deverão ser feitos para influenciar a opinião dessa fatia de 30% que irá decidir quem governará o país a partir de 2027.

Aliás, não serão sequer 30% os eleitores-chave; pois desses, muitos irão anular seus votos – incapazes de chegar a uma decisão - ou sequer irão votar. Sobrarão de fato cerca de 20% dos eleitores, pouco mais ou menos, para serem convencidos a votar em Lula. Será uma tarefa muito clara, de foco muito preciso, mas de um grau de dificuldade hercúleo (porque, se fosse fácil, essas pessoas já estariam com Lula, ou contra ele).

E como esses 20% de eleitores irão escolher o seu candidato a presidente? Como decidirão em quem votar? Olhando para o passado, para outras eleições, eu diria que - num resumo muito resumido - as teorias de explicação do voto que apontam para a escolha racional-econômica (“eu votarei naquele candidato com quem acho que ganharei mais”) serão as que guiarão essas pessoas, pelo menos a maioria delas.

É para essa fatia da população (suas carências, desejos e necessidades) que Lula e seu governo devem olhar desde já se quiserem continuar governando o país por mais um mandato.

**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.

Logo Forum