Quatro anos após detonar uma bomba que destruiu a estrutura do lawfare conduzido pela Lava Jato, Walter Delgatti Neto pode implodir o bunker que liga parte da cúpula militar à tentativa de golpe planejado por Jair Bolsonaro (PL), expondo as vísceras de uma relação espúria que ameaçou a democracia e culminou nos atos terroristas do dia 8 de janeiro - e que ainda sobrevive em meio aos porões da extrema-direita fascista.
Com a transferência de seu depoimento na CPMI dos Atos Golpistas para a próxima quinta-feira (17), Delgatti, que está preso sob custódia da Polícia Federal (PF) em Araraquara, negocia os últimos detalhes da delação premiada que tem deixado tanto bolsonaristas, quanto militares que apoiam o ex-presidente - e participaram de conspirações contra o sistema de votação - com os nervos à flor da pele.
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Delgatti está levantando provas de encontros e das "missões" que recebeu desde o dia em que foi contatado - e em seguida teria sido contratado - por Carla Zambelli (PL-SP) para atuar junto à campanha de Bolsonaro.
A relação com a deputada e a invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para inserir um mandado fake de prisão contra Alexandre de Moraes - o que levou os bolsonaristas acampados em frente aos quartéis ao delírio -, que foi o que levou o hacker de volta à prisão, no entanto, não seria o ítem mais importante a entrar nessa negociação.
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Delgatti estaria focado em entregar provas das reuniões em que participou no Ministério da Defesa. Reuniões, pois foram mais de uma.
A pauta era justamente municiar militares sobre supostas falhas no sistema de votação das urnas eletrônicas e nas interpelações que seriam feitas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), presidido por Moraes.
Delgatti teria o papel de colocar um verniz "técnico" nas teorias conspiratórias de Bolsonaro para dar suporte tanto aos militares, quanto ao PL, que entregou um relatório ao TSE pedindo a invalidação de votos somente do segundo turno, alegando irregularidades em 60% das urnas eletrônicas.
Embora a situação jurídica de Delgatti esteja complicada com a prisão determinada por Moraes, que não permite habeas corpus, a defesa do hacker busca estruturar as denúncias à PF para tentar nova soltura.
O objetivo é fechar a delação antes do depoimento de Delgatti à CPMI, na próxima quinta-feira (10), onde ele deve revelar parte do que será dito à PF.