David Crosby, que nos deixou no último dia 18 de janeiro, foi um músico, cantor e compositor tão importante quanto Bob Dylan, Lennon e McCartney ou Mick Jagger e Keith Richard. Vendagens de discos e quantidade de execuções à parte, sua música foi tão transformadora e inovadora quanto a de qualquer outro astro pop.
Tanto no início, com a banda The Birds, quanto com o Crosby, Stills & Nash; Crosby, Stills, Nash & Young e ainda com a dupla com Graham Nash, com quem viveu mais intensamente, em gravações tão monumentais quantos as desavenças, Crosby foi, sem sombra de dúvidas, um dos grandes mestres do seu tempo.
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Os Birds exerceram grande influência ao fazer uma mistura refinada de rock com a country music. A junção da guitarra Rickenbaker de 12 cordas com vocais elaborados foi replicada em vários álbuns da época, entre eles o lendário “Rubber Soul”, dos Beatles. Sobretudo na canção “If i Needed Someone”, de George Harrison, que incorporou o instrumento e confessadamente emulou o som da banda.
O grande sucesso dessa fase foi a regravação de Mr. Tambourine Man, de Bob Dylan.
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Crosby tocava violão e guitarra elétrica de maneira incomum, com acordes abertos, cheios de dissonâncias. Suas melodias e letras não tinham nada a ver com o estilo açucarado e simples de seus conterrâneos e companheiros. Era considerado ousado até por seus colegas desbundados do auge da era flower power dos anos 60. Sua canção “Triad”, sobre sexo a três, foi, em um primeiro momento, rejeitada pelos Byrds, por conta do tema.
A grande fase
O antológico quarteto Crosby, Stills, Nash & Young, formado por ele, Stephen Stills, Graham Nash e Neil Young, trazia quatro estilos totalmente distintos que se agrupavam em torno de arranjos vocais refinadíssimos. Foram lançados ao mundo ao tocarem para 500 mil pessoas no festival de Woodstock, em 1969. Entre as grandes façanhas do grupo, a maior delas talvez tenha sido apresentar uma obra tão apurada e incomum em estádios, para milhares de pessoas.
Nash, seu parceiro e amigo mais constante, com quem fez discos antológicos, comentou sobre sua morte, dando pistas a respeito de seu temperamento indomável:
“Grato por ter cantado com ele, tocado com ele, batido cabeça com ele e por passar por tanta coisa juntos. David era tão complicado quanto as melodias intrincadas que ele criou. Você pode ouvir pedaços de uma alma muito profunda ecoando através de sua forma de tocar e das letras que ele compôs. É a sua bela música que viverá para sempre em todos os nossos corações. Eu tenho sorte de tê-lo conhecido.”
David Crosby leva junto com ele grande parte de uma era extremamente criativa e de muita coragem artística. Muito do que é feito até hoje se deve ao seu talento.
Ativista
Crosby era ativista, provocador e tuiteiro contumaz. Um dia antes de sua morte, ele elogiou a ativista Greta Thunberg, criticou os deputados do Partido Republicano Matt Gaetz and Marjorie Taylor e elogiou a canção Eleanor Rigby, dos Beatles. O último post do músico foi um retuíte sobre a detenção de Thunberg na Alemanha.
Veja abaixo: