Investigação

Estudo sobre contaminação do camarão do litoral de SP tem resultado assustador

O trabalho, em fase preliminar, está sendo desenvolvido pela Universidade Estadual Paulista, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa

Escrito em SP el
Jornalista e redator da Revista Fórum.
Estudo sobre contaminação do camarão do litoral de SP tem resultado assustador
Imagem Ilustrativa. Pixabay

A Universidade Estadual Paulista (Unesp), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapesp), vem desenvolvendo um estudo, em fase preliminar, que revelou um resultado assustador.

Segundo o trabalho, cerca de 90% dos crustáceos coletados no litoral de São Paulo estavam contaminados com microplásticos em seu trato gastrointestinal, principalmente o camarão-de-sete-barbas (Xiphopenaeus kroyeri).

A pesquisa, que recebeu o nome de Programa Biota, está sendo realizada em duas regiões: Baixada Santista, que abrange áreas industriais, portuárias e pesqueiras, e Cananeia, no litoral sul do estado, que recebe menos intervenção humana.

As coletas das amostras tiveram início ainda em 2023. O objetivo é avaliar os riscos ecológicos e os possíveis impactos para a saúde humana.

Até agora, de todos os camarões coletados pelo estudo, em até 90% deles foi observada a presença de microplásticos. A quantidade varia a depender dos locais, mas a porcentagem alta de contaminação preocupa em relação às consequências a longo prazo para os consumidores e para o meio ambiente.

Daphine Ferrera, pesquisadora do projeto, relatou que a ideia é avaliar a contaminação dos crustáceos em ambientes diferentes.

“Os camarões, por se alimentarem de detritos do mar, estão expostos a grandes quantidades de microplásticos presentes nos sedimentos marinhos, tornando-os modelos ideais para o estudo”, disse, em entrevista ao Metrópoles.

A pesquisadora afirmou, ainda, que o primeiro passo do estudo é verificar a quantidade de microplásticos no trato gastrointestinal dos camarões. Outro ponto importante é identificar se essa presença impacta, também, a qualidade nutricional dos animais, etapa seguinte do projeto.

“A análise buscará saber se esses microplásticos estão se acumulando em outros tecidos, como na musculatura, que é justamente a parte mais consumida pelos humanos”, destacou Daphine.

O estudo se estende a crustáceos decápodes, que incluem camarões, siris, lagostas, lagostins e caranguejos e seus diferentes aspectos, como ciclos de vida, reprodução, organização populacional e processos evolutivos.

Os microplásticos

São pequenas partículas, com menos de 5 milímetros de tamanho, responsáveis por, aproximadamente, 92,4% dos detritos de plástico marinho. Esse tipo de poluição coloca em risco a saúde dos seres humanos que consomem frutos do mar, além do ecossistema marinho.

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