Uma pesquisa do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) publicada anteontem mostra que 73,9% dos magistrados do país consideram que recebem remuneração abaixo da adequada. A remuneração mensal média das excelências é de R$69,8 mil, o que equivale a quase 54 salários mínimos.
Quatro em cinco acham que trabalham demais, embora gozem de duas férias por ano e não trabalhem todos os dias da semana.
Em que país nossos magistrados vivem? Certamente não é o Brasil, onde 30 milhões de brasileiros estavam em situação de fome, ainda outro dia. No país onde 50% da população (mais de 100 milhões de brasileiros) viviam em insegurança alimentar, sem saber se conseguiriam se alimentar e aos seus no dia seguinte.
Como é que uma pessoa que recebe 54 salários mínimos por mês está insatisfeita com sua remuneração? Como uma pessoa dessas vai conseguir ter empatia, colocar-se no lugar do outro que vai a seu julgamento, com uma visão absolutamente distorcida da realidade como essa?
Não é à toa que vemos ministros baterem cabeça, desdizerem hoje o que foi dito ontem, como biruta de aeroporto.
No momento em que vive o país, o Judiciário está sendo nossa salvação. Mas mais adiante essa é outra reforma — além da militar — pela qual o Brasil tem que passar urgentemente.
Afinal, somos todos brasileiros ou alguns (eles) são mais brasileiros que outros (nós)?
Pessoas pretas são 1,4% da magistratura
O censo do CNJ também mostrou um retrato de nossa magistratura: 82,7% dos respondentes são pessoas brancas; 13,6% pardas; 1,4% pretas; 1,3% amarelas e 0,3% indígenas.
Um retrato bem diferente do País. Por isto, talvez, essa impressão deles de que vivam num país à parte, com regras que não valem para o restante do povo (nós), que adoraria receber R$69,8 mil por mês que eles acham pouco.