O diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, afirmou nesta segunda-feira (16) que há risco de vazamento radiológico na central nuclear de Natanz, maior instalação de enriquecimento de urânio do Irã e principal alvo dos bombardeiros de Israel na última sexta-feira (13).
O risco de vazamento é alvo de divergência entre quem analisa a extensão dos ataques. Porém, apesar de Grossi apontar que os danos provocados pelos bombardeios israelenses foram limitados, há chance de vazamento no interior da central nuclear de Natanz.
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"Pela segunda vez em três anos, estamos testemunhando um conflito dramático entre dois Estados-membros da AIEA, no qual instalações nucleares estão sendo atacadas e a segurança nuclear está sendo comprometida", afirmou o diretor.
Grossi disse que a infraestrutura elétrica da instalação, que incluía uma subestação elétrica, um prédio principal de fornecimento de energia elétrica e geradores de emergência e de reserva, foi danificada. Ele afirmou ser possível que “isótopos de urânio contidos em hexafluoreto de urânio, UF6, fluoreto de uranila e fluoreto de hidrogênio estejam dispersos dentro da instalação”, de acordo com comunicado oficial da ONU.
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Apesar de não haver indícios de ataque físico ao complexo subterrâneo em cascata em Natanz, o vazamento dentro da instalação representa um risco para quem está diretamente no local, em caso de inalação ou ingestão. A Aieda ainda informou que “está pronta para responder a qualquer emergência nuclear ou radiológica em até uma hora”.
Programa nuclear é o principal alvo de Israel
Israel justificou os ataques como uma forma de conter o programa militar do Irã, que estaria desenvolvendo armas nucleares. O país israelense classificou o rival como uma "ameaça iminente".
A Embaixada de Israel no Brasil emitiu uma nota afirmando que o Irã estaria buscando a "aniquilação do Estado de Israel" por meio de um "extenso e clandestino programa de armas nucleares". Segundo o país, o Irã teria enriquecido nove bombas nucleares nos últimos três meses.
Por outro lado, o Irã afirmou que seu desenvolvimento nuclear é voltado apenas para fins civis.
Ameaça nuclear
O conflito entre os dois países gerou grande preocupação sobre a ameaça de ataques nucleares. A AIEA chegou a emitir, horas depois do primeiro ataque de Israel, um comunicado pedindo que instalações nucleares não sejam atingidas.
“Instalações nucleares jamais devem ser atacadas, independentemente do contexto ou das circunstâncias, pois isso pode prejudicar tanto as pessoas quanto o meio ambiente. Tais ataques têm sérias implicações para a segurança, a proteção e as salvaguardas nucleares, bem como para a paz e a segurança regionais e internacionais”, disse o diretor-geral da organização.
Ele ainda destacou que resoluções da Conferência Geral da Agência já definiram que “qualquer ataque armado e ameaça contra instalações nucleares destinadas a fins pacíficos constitui uma violação dos princípios da Carta da ONU, do direito internacional e do Estatuto da Agência".
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