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Cientistas chineses descobrem o mapa do céu mais antigo da história humana, com mais de 2 mil anos

Pesquisadores afirmam que documento pode superar em 200 anos o mapa de Hiparco, astrônomo grego

Escrito em História el
Jornalista formado pela Escola de Jornalismo da Énois e cientista social pela USP. Já publicou em veículos como The Guardian, The Intercept, Hypeness, UOL e Carta.
Cientistas chineses descobrem o mapa do céu mais antigo da história humana, com mais de 2 mil anos
Mapa de estrelas de Dunhuang, que não é o analisado pelos cientistas em novo estudo. Wikimedia Commons

Pesquisadores do Observatório Astronômico Nacional da China afirmam ter datado o mais antigo catálogo estelar conhecido até hoje. Segundo o estudo, ainda em fase de revisão pela revista Research in Astronomy and Astrophysics, o “Manual Estelar do Mestre Shi” teria sido criado por volta de 355 a.C.— cerca de 250 anos antes do que se acreditava anteriormente.

A análise foi conduzida por Boliang He e Yongheng Zhao, que utilizaram inteligência artificial para estudar a posição do polo celeste no mapa original. Com base na precessão dos equinócios — o lento deslocamento do eixo da Terra ao longo dos séculos —, a equipe conseguiu estimar a época em que os dados do manual foram registrados.

Se confirmada, a nova data colocaria o manual chinês cerca de dois séculos antes do catálogo elaborado por Hiparco, astrônomo grego que até então detinha o título de autor do mais antigo registro sistemático das estrelas.

O documento é tradicionalmente atribuído a Shi Shen, astrônomo da corte durante o período dos Reinos Combatentes na China. Os novos resultados reforçam os relatos históricos sobre a atuação de Shi nesse período, segundo os autores.

Especialistas internacionais consideraram a conclusão convincente. David Pankenier, estudioso da astronomia chinesa antiga, afirmou ao Live Science que os dados sustentam análises anteriores feitas por Joseph Needham, renomado pesquisador britânico do século XX.

No entanto, a interpretação não é unânime. Boshun Yang, da Universidade de Ciência e Tecnologia da China, argumenta que pequenas imprecisões nas medições — como um possível desalinhamento de um grau em relação ao polo celeste — podem indicar uma data mais recente, por volta de 103 a.C. O debate segue aberto entre os especialistas.

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