As primeiras imagens do interior do Bayesian, superiate de luxo que naufragou na costa da Sicília em agosto de 2024, foram divulgadas pela imprensa italiana neste sábado (28). O barco afundou durante uma tempestade violenta, matando sete pessoas, entre elas o empresário britânico Mike Lynch, figura de destaque do setor de tecnologia, e sua filha, Hannah, de apenas 18 anos.
O Bayesian estava ancorado perto de Porticello quando foi atingido por uma ventania extrema, possivelmente um tornado marítimo, pouco antes do amanhecer de 19 de agosto. A força do vento teria sido desviada pelo cais do porto e lançado diretamente sobre o iate, que afundou em questão de segundos. Das 22 pessoas a bordo, 15 foram resgatadas com vida, mas Lynch, sua filha, dois casais de amigos e o chef do barco morreram.
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Absolvição e viagem de comemoração
O naufrágio aconteceu justamente durante uma viagem de comemoração: Mike Lynch havia sido absolvido nos EUA de acusações de fraude contábil envolvendo a venda da Autonomy, empresa de software que fundou e vendeu para a Hewlett-Packard (HP) em 2011 por US$?11 bilhões. Foi uma das maiores aquisições do setor de tecnologia na época, mas virou escândalo quando a HP anunciou prejuízo de mais de US$?8 bilhões, alegando ter sido enganada.
Após anos de disputa judicial, Lynch foi inocentado criminalmente em 2024. A vitória na Justiça era o motivo da viagem com família e amigos pelo Mediterrâneo.
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O que mostram as imagens
As imagens recém-divulgadas pela RAI, emissora estatal italiana, mostram o salão principal do iate coberto de lama, móveis de luxo destruídos e equipamentos retorcidos. A perícia tenta entender se houve falha técnica ou humana, como uma escotilha mal fechada ou falhas no sistema de estabilidade — um relatório preliminar apontou que o manual de bordo não detalhava todos os riscos em caso de ventos fortes.
Teorias de conspiração
Diante do histórico conturbado entre Lynch e a HP, teorias de conspiração surgiram logo após a tragédia: falam em “queima de arquivo” para silenciar segredos corporativos, falha mecânica intencional ou até manipulação climática. Não há comprovação oficial de nenhuma dessas hipóteses — as autoridades trabalham com a explicação climática e possíveis falhas operacionais.
Promotores italianos investigam o caso como homicídio culposo, apurando responsabilidades do capitão neozelandês James Cutfield e de dois tripulantes britânicos. Isso não significa culpa automática, mas indica pontos que precisam ser esclarecidos.
Resgate complexo e buscas por respostas
A operação de resgate do Bayesian levou meses e chegou a ser interrompida após a morte de um mergulhador holandês, Rob Huijben, de 39 anos. Agora, com o casco içado e as primeiras imagens internas divulgadas, as famílias das vítimas querem respostas. Para o advogado da família do chef Recaldo Thomas, “lições precisam ser aprendidas e a verdade, esclarecida”.
No Reino Unido, processos paralelos seguem apurando as mortes de Mike e Hannah Lynch, além do casal Bloomer. A pergunta que resta é: como um símbolo de luxo e vitória virou, em segundos, o palco de uma das tragédias náuticas mais misteriosas da Europa recente?