MATERNIDADE

Brasil tem menos filhos — e menos mães

Censo 2022 mostra queda histórica na fecundidade, mais mulheres sem filhos e maternidade cada vez mais tardia

Censo 2022 mostra queda histórica na fecundidade, mais mulheres sem filhos e maternidade cada vez mais tardia
Brasil tem menos filhos — e menos mães.Censo 2022 mostra queda histórica na fecundidade, mais mulheres sem filhos e maternidade cada vez mais tardiaCréditos: Ministério da Saúde (Rodrigo Nunes)
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Uma nova fotografia do Brasil confirma o que muita gente já percebe no dia a dia: o país está tendo cada vez menos filhos — e cada vez mais mulheres chegam ao fim da vida fértil sem ter sido mães.

Em 1960, cada mulher brasileira tinha, em média, mais de seis filhos. Na região Norte, esse número chegava a quase nove. Hoje, essa realidade ficou no passado: em 2022, a taxa de fecundidade caiu para 1,55 filho por mulher, muito abaixo do chamado nível de reposição (2,1), que seria o mínimo para manter a população estável sem migração.

Além de terem menos filhos, as brasileiras também estão adiando a maternidade. A idade média para ter o primeiro filho subiu de 26,3 anos em 2000 para 28,1 anos em 2022. No Distrito Federal, a média chega a 29,3 anos — no Pará, onde a maternidade ainda é mais precoce, a média ficou em 26,8 anos.

É o que mostra o Censo 2022, divulgado pelo IBGE, que liberou os dados sobre fecundidade nesta sexta-feira, (27).

Outro dado que chama atenção: cresceu o número de mulheres que chegam ao fim da fase fértil sem filhos. Em 2000, 10% das mulheres de 50 a 59 anos não tinham filhos. Em 2022, esse grupo saltou para 16% — no Rio de Janeiro, chega a 21%, enquanto Tocantins tem o menor índice: 11,8%.

O Censo também mostra diferenças claras quando se observa cor, escolaridade e religião. As mulheres indígenas ainda têm a maior taxa de fecundidade (2,84 filhos por mulher), enquanto as mulheres amarelas têm a menor (1,22). 

Entre quem tem menos escolaridade (ensino fundamental incompleto), a média é de 2,01 filhos. Já entre mulheres com ensino superior, a média é bem menor: 1,19 filho. Entre os grupos religiosos, as evangélicas lideram, com 1,74 filho por mulher — a única taxa acima da média nacional.

A curva de fecundidade também mudou de faixa etária. Antes, o pico era entre 20 e 24 anos; agora, a maioria das mães tem filhos entre 25 e 29 anos. Em regiões como Sul, Sudeste e Centro-Oeste, essa mudança já vinha acontecendo desde 2010.

Esses números ajudam a entender o envelhecimento da população brasileira e os desafios que vêm pela frente: menos crianças significa menos demanda por escolas, mas mais pressão para sustentar uma população idosa cada vez maior. Isso impacta a Previdência, o mercado de trabalho e toda a economia.

Acesse aqui os dados completos

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