O Brasil alcançou em 2024 a menor taxa de analfabetismo desde o início da série histórica, em 2016. Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (14), o índice de analfabetismo entre pessoas com 15 anos ou mais caiu para 5,3%, o equivalente a 9,1 milhões de pessoas, uma redução de 197 mil analfabetos em relação ao ano anterior.
A nova marca confirma uma trajetória de queda iniciada em 2016, quando o índice era de 6,7%. A queda contínua reflete, segundo especialistas, uma melhora no acesso à educação básica, sobretudo entre as novas gerações.
Te podría interesar
“Esses dados indicam que o analfabetismo segue fortemente associado à idade. As novas gerações estão tendo maior acesso à escolarização e sendo alfabetizadas na infância”, explica William Kratochwill, analista do IBGE.
Idosos concentram maior parte do analfabetismo
A taxa de analfabetismo entre idosos segue alta: 14,9% das pessoas com 60 anos ou mais ainda não sabem ler nem escrever. O dado reforça a necessidade de políticas específicas para a alfabetização de adultos. Entre os mais jovens, no entanto, o cenário é mais promissor. Na faixa de 6 a 14 anos, 99,5% das crianças estão na escola, consolidando a universalização do acesso ao ensino fundamental.
Te podría interesar
Desigualdades persistem por raça e gênero
O recorte por gênero e raça mostra disparidades, mas também avanços. Em 2024, a taxa de analfabetismo entre mulheres de 15 anos ou mais foi de 5,0%, inferior à dos homens, que foi de 5,6%. Entre as pessoas pretas ou pardas, a taxa geral foi de 6,9%, mais que o dobro do índice entre pessoas brancas (3,1%). A desigualdade se acentua entre os idosos: 21,8% dos pretos ou pardos com 60 anos ou mais são analfabetos, frente a 8,1% dos brancos na mesma faixa etária.
Anos de estudo sobem e atingem nível recorde
Apesar disso, a escolaridade média da população segue em alta. Em 2024, o Brasil alcançou 10,1 anos de estudo médio entre pessoas com 25 anos ou mais – um avanço significativo frente aos 9,1 anos registrados em 2016. A escolaridade média das mulheres (10,3 anos) segue superior à dos homens (9,9). Entre as pessoas brancas, a média chega a 11 anos, enquanto pretos e pardos somam 9,4 anos.
Ensino médio e superior avançam entre estudantes da rede pública
Outro dado relevante é que 56% da população com 25 anos ou mais já concluiu ao menos o ensino médio, percentual mais alto desde o início da série histórica. Entre as pessoas que cursaram ou concluíram o ensino superior, 72,6% vieram da rede pública de ensino médio — e entre os que chegaram à pós-graduação, 59,3% também estudaram exclusivamente em escolas públicas. Para William, isso revela que “os alunos da rede pública têm chances reais de acesso à educação de nível superior”.
Frequência escolar entre jovens ainda preocupa
A taxa de frequência escolar entre jovens de 15 a 17 anos ainda não atinge a meta da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, ficando em 93,4% — abaixo dos 100% previstos. Já entre os jovens de 14 a 29 anos, 8,7 milhões não completaram o ensino médio. O principal motivo alegado para o abandono escolar foi a necessidade de trabalhar, seguido da falta de interesse e, no caso das mulheres, gravidez e trabalho doméstico.
Redução no número de jovens sem ocupação ou estudo
Ainda assim, a proporção de jovens entre 15 e 29 anos que não estudam, não trabalham e não se qualificam caiu de 22,4% em 2019 para 18,5% em 2024. “A estabilidade da escolarização nas faixas etárias mais jovens e o seu aumento entre crianças de 0 a 3 anos indicam avanços consistentes no acesso à educação infantil”, afirma o analista.
Confira mais dados sobre o analfabetismo e o acesso à educação no Brasil clicando aqui.
*Com informações da Agência IBGE