O novo mapa-múndi apresentado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) durante o 4º Fórum China-CELAC, em Pequim, inverte a tradicional orientação norte-sul e posiciona o Brasil no centro do mundo. A iniciativa, mais que uma proposta estética, afirma simbolicamente o protagonismo do Sul Global na geopolítica contemporânea.

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Em postagem nas redes sociais, o presidente do IBGE, Marcio Pochmann, destacou o sucesso do mapa entre as delegações internacionais e celebrou o seu impacto simbólico.
“Seja no Fórum CELAC, seja no encontro Brasil-China, o novo mapa-múndi do IBGE tanto expõe outra representação do planeta Terra como mobiliza lideranças do Sul Global”, afirmou.
A publicação foi acompanhada por fotos da presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), Dilma Rousseff, e do primeiro-ministro da China, Li Qiang, ambos destacados como figuras-chave na promoção da nova visão cartográfica.
Um gesto político e pedagógico
Lançado oficialmente em 7 de maio de 2025, o novo mapa rompe com a convenção estabelecida desde a Antiguidade — que posiciona o Norte no topo e o Sul na base dos mapas.
O IBGE, por ocasião do lançamento, veiculou material no qual explicou que a inversão é intencional, e não um erro técnico. Afinal, mapas são representações e convenções. Esta quebra serve para questionar os vieses associados ao Norte como símbolo de riqueza e progresso, e ao Sul como periferia.
A nova cartografia, baseada na projeção de Eckert III — que minimiza distorções polares — destaca os países do BRICS, do Mercosul, da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), e ainda posiciona estrategicamente cidades brasileiras: Rio de Janeiro como capital dos BRICS, Belém como sede da COP30 e Fortaleza como anfitriã do Triplo Fórum Internacional da Governança do Sul Global, que ocorrerá de 11 a 13 de junho.
Influência latino-americana e inspiração histórica
A inversão do mapa também remete à obra “América Invertida” (1943), do artista uruguaio Joaquín Torres-García, que já defendia o Sul como o verdadeiro "topo" do mundo.
Na ilustração, ele escreveu: “Nosso norte é o sul”, propondo uma revisão crítica da dominação eurocêntrica. O mapa do IBGE recupera esse gesto, agora reforçado pelo reposicionamento de países como Brasil, China, Índia e África do Sul no cenário global.
Triplo Fórum do Sul Global
O lançamento do novo mapa também marcou o anúncio do Triplo Fórum Internacional da Governança do Sul Global, promovido pelo IBGE em parceria com o Governo do Ceará.
O evento será realizado de 11 a 13 de junho, no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza, reunindo chefes de institutos nacionais de estatística, autoridades, pesquisadores, parlamentares e sociedade civil. A proposta é debater novos indicadores e temas estratégicos para o desenvolvimento sustentável na era digital.
O fórum ocorre em um momento de intensa agenda internacional para o Brasil, que preside o BRICS, o Mercosul e será sede da COP30, em Belém. As inscrições são gratuitas e abertas ao público, no Brasil e no exterior.
Onde comprar o novo mapa
A versão oficial do mapa-múndi invertido está disponível para compra na loja virtual do IBGE, com 30% de desconto para aquisições presenciais na sede do instituto, no Rio de Janeiro. Cada unidade custa R$ 15. A iniciativa faz parte de uma série de ações para fortalecer a presença do Brasil no debate sobre a nova ordem internacional multipolar.