O MET Gala 2023 é considerado o tapete vermelho mais importante da moda. O baile anual levanta fundos para a manutenção do Museu Metropolitano de Arte (MET), em Nova York (EUA).
O luxuoso evento beneficente conta com a presença de diversas celebridades com figurinos criativos e ousados que mostram as últimas tendências da alta costura.
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Todos os anos, as roupas dos convidados do baile são ditadas por um tema diferente. Ano passado foi a "Era Dourada" dos EUA, que se deu durante o século 19.
O tema deste ano foi o trabalho do designer Karl Lagerfeld, que morreu em 2019. A escolha causou polêmica. Não pelas criações dele, e sim pelas declarações.
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Lagerfeld manteve um dos reinados mais duradouros à frente de uma marca de luxo: foi diretor criativo por 36 anos na Chanel e outros 55 na Fendi. Também passou pela Balmain, Patou e Chloé, além da grife homônima.
Confira alguns looks
Boicotes
Além de ter impactado a moda de alto luxo pela criatividade, ele também concedeu diversas entrevistas controversas à imprensa, em que fez comentários considerados misóginos, gordofóbicos, islamofóbicos e etaristas.
A escolha do nome de Lagerfeld levou algumas celebridades a boicotarem o evento, como a atriz e ativista Jameela Jamil, da série The Good Place, que deixou clara sua desaprovação pela escolha do estilista alemão em um post no Instagram.
"Isto não é sobre cultura de cancelamento. Nem sequer é sobre o Karl. É sobre mostrar como a cultura do cancelamento é seletiva dentro da política liberal, da forma mais flagrante até agora. É sobre mostrar porque as pessoas não confiam nos liberais. Por causa de táticas escorregadias e padrões duplos como este. E não é só Hollywood aqui, o público em geral online participou e foram inteiramente cúmplices no apagamento da verdade ontem à noite. Eles substituíram as suas forquilhas por colheres ontem à noite, para colocar essa merda logo em cima... Se continuarmos assim, não fique chocado quando perdermos as próximas eleições", escreveu.
“Na noite passada, Hollywood e a moda disseram a parte silenciosa em voz alta quando muitas feministas famosas escolheram celebrar no mais alto nível, um homem que era tão publicamente cruel com as mulheres, com as pessoas gordas, com os imigrantes e com os sobreviventes de agressão sexual”, escreveu na postagem. “E todas as publicações femininas e espectadores online optaram por ignorá-lo alegremente”.
A popular conta do Twitter "HF Met Gala", que tradicionalmente faz um acompanhamento virtual da cerimônia, no qual fala sobre peças de roupa que combinam com a temática, também boicotou o baile.
Atrito com o #MeToo
Uma das últimas controvérsias de Lagerfeld foi em 2018, quando em uma entrevista com a revista francesa Numéro em que ele opinou sobre o movimento #MeToo, que incentivava vítimas de agressões sexuais a quebrarem seu silêncio. O estilista desdenhou das reivindicações das mulheres.
"Li em algum lugar que agora você deve perguntar a uma modelo se ela se sente confortável em posar. É simplesmente demais, a partir de agora, como designer, você não pode fazer nada", declarou.
Lagerfeld também defendeu o estilista britânico Karl Templer, citado em um artigo investigativo da Boston Globe sobre abusos sofridos por mulheres da indústria fashion.
Gordofobia
Em 2005 ele lançou o livro "A Dieta de Karl Lagerfeld" e polemizou ao declarar que a moda é a "mais saudável motivação para emagrecer" e, ao falar das preocupações com a anorexia, um transtorno alimentar, que modelos de passarela são "magras mas não tão magras".
À revista alemã Focus, o estilista disse, em 2019, que "ninguém quer ver mulheres curvas" em resposta à ideia que Brigitte, uma outra publicação, pretendia passar a retratar "mulheres reais" em suas fotografias.
Islamofobia
Há ainda a ocasião em que o designer afirmou que a Alemanha aceitar refugiados de países de maioria muçulmana seria uma "afronta às vítimas do Holocausto", os judeus.
"Não se pode — mesmo que haja décadas entre eles — matar milhões de judeus para trazer milhões de seus piores inimigos em seu lugar", declarou à época.
Etarismo
Em 2008 e 2014, ele mais uma vez causou polêmica quando assumiu sem rodeios detestar crianças e idosos.
"Eu odeio todas as crianças. Para outras pessoas, é algo bom, mas não para mim. Eu não nasci para ser uma pessoa de família", admitiu, em 2008, à revista Prestige Hong Kong.
Em 2014, já idoso, Lagerfeld revelou que preferia não conviver com indivíduos da mesma faixa etária.
"Você precisa de entusiasmo pelo que faz — e de um ambiente onde as pessoas não falem sobre doenças ou envelhecimento. Não conheço ninguém da minha geração. Acho essas pessoas terríveis", afirmou à revista alemã Zeit.
O estilista deixou a marca dele na indústria da moda, tanto pela criatividade quanto pelas declarações controversas. Ele também era dono de um estilo particularmente notável e autêntico, com cabelo branco, óculos escuros e luvas.