Coube a Paulo Soares, seu amigo de bancada na ESPN, dar a notícia que todos que trabalhamos com ele sabíamos e torcíamos, através de pensamentos ou orações, que não se concretizasse: o tempo de vida de Antero Greco está terminando.
Com força e fé - ele tem muito - Antero lutou muito, mas os tumores - no plural mesmo - venceram. Estão vencendo. Paulinho explicou que seu amigo, nosso amigo, dorme, em paz, o sono final. No caso dele, o sono dos justos , dos bem amados e dos indignados.
Te podría interesar
Antero é uma das pessoas mais bacanas que conheci em 35 anos de profissão. A primeira vez que falei com ele foi em 1992, quando havia sido demitido do Diário Popular e fui oferecer um frila para ele, no Estadão. Não deu certo, mas ele disse que conhecia meu trabalho e que havia sido uma injustiça muito grande a minha saída.
Ouvir aquilo de um cara que trabalhava na televisão, comentando o campeonato italiano e que editava o Esporte no Estadão me deu alento. Quem sabe poderia trabalhar lá um dia?
Trabalhei no Jornal da Tarde, oito anos depois. E estive com Antero na Copa de 2002. Conheci duas facetas novas, uma curiosa e outra bem humana. Depois de 24 horas de vôo, chegamos ao hotel e Antero negociou um tempão para mudar seu quarto para o primeiro andar. Ele não andava de elevador, um medo terrível. Em 2014, na Copa do Brasil, me convidou para subirmos até as cabines de imprensa do estádio do Corinthians. Quis ser gentil e o acompanhei. Com sobrepeso, cheguei esbaforido, depois de duas paradas para tomar ar.
Voltando a 2002, cheguei a um restaurante onde ele estava com o repórter Eduardo Maluf. Antero estava arrasado. Daniel Piza, um dos chefes do Estadão, havia mudado a nota que Antero havia dado aos jogadores. Ronaldo, que era fonte de Piza e não poderia tirar nota menor que ninguém. E Antero havia cometido o crime de achar Rivaldo melhor.
Foi constrangedor. Ele, chefe do Estadão, se abrindo comigo, Mero repórter do JT, do mesmo grupo, mas concorrente. Prova de humanidade, de amizade, de desprendimento.
Conhecendo esse lado, me assustei quando ele contou que perdeu a cabeça, ainda em 2014, quando um torcedor o chamou de italiano fascista. Disse que pegou o cara pelos colarinhos. Fez bem.
Antero, my friend, assim é o bordão com que Paulo Soares conversava com Antero na ESPN. Nunca mais.
Mas Antero é mais. É our friend. Um cara sensacional. Do bem.