FOLHA SANTISTA

Baixada Santista tem metade do número de leitos hospitalares recomendados pela OMS

Os dados foram apresentados em audiência pública, convocada e presidida pelo vereador de Santos e infectologista Marcos Caseiro (PT)

Escrito em SP el
Jornalista e redator da Revista Fórum.
Baixada Santista tem metade do número de leitos hospitalares recomendados pela OMS
Imagem Ilustrativa. Prefeitura de Santos

Audiência pública convocada e presidida pelo vereador e médico infectologista Marcos Caseiro (PT), na Câmara Municipal de Santos, revelou dados alarmantes sobre a saúde da Baixada Santista.

A região conta com apenas metade do número de leitos hospitalares recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Com 1.834 leitos e população de cerca de 1,2 milhão de habitantes, a Baixada registra 1,52 leito para cada mil habitantes. A recomendação da OMS é de, ao menos, 3 leitos para cada mil habitantes.

Outros números debatidos no encontro mostraram o crescimento dos gastos orçamentários com as organizações sociais (OS) que atuam na saúde na região.

Em 2016, 4% dos gastos municipais em saúde foram destinados às organizações sociais; em 2023, o percentual subiu para 24%, tendo chegado a 33% em 2021, durante o pico da pandemia de Covid-19.

Há uma desproporção entre o que é gasto com essas OS e o que é gasto com o resto da saúde, o que talvez explique em parte o que estamos passando. Em 2025, a verba para a saúde é de R$ 962 milhões e as organizações sociais ficam com praticamente um quarto”, destacou Caseiro.

O vereador e infectologista afirmou, também, que cerca de 78% das internações do SUS na Baixada Santista ocorrem na emergência hospitalar e, em contrapartida, apenas 21% são para cirurgias eletivas.

Além disso, a maioria das pessoas que procura os prontos-socorros apresenta complicações em consequência de hipertensão arterial ou diabetes com acompanhamento inadequado.

Diante deste cenário, Caseiro defendeu a implantação do Programa Saúde da Família, com participação das universidades, como alternativa para melhorar o acompanhamento desses pacientes e reduzir internações.

O que diz a representante do Ministério da Saúde

Thaís Leite, assessora da Secretaria de Atenção Especializada do Ministério da Saúde, participou do debate por meio de videoconferência.

Ela afirmou que o Governo Federal tem se preocupado com o atraso nos diagnósticos e o consequente impacto nos custos da saúde e no agravamento das enfermidades.

“Estamos trabalhando muito a possibilidade de reorganização da gestão e do modelo da atenção especializada, mas isso sem sombra de dúvida passa pela integração da atenção especializada com a atenção primária à saúde”, relatou, de acordo com informações do Santa Portal.

A assessora declarou, ainda, que Santos faz parte do Programa Mais Acesso a Especialistas (PMAE), lançado pelo Ministério no final de 2024. “No primeiro plano de ação aprovado para o estado de São Paulo, Santos recebeu um fomento de quase R$ 2 milhões para início das atividades”, revelou.

Alex Macedo, diretor técnico da Santa Casa de Santos, alegou que o financiamento dos custos hospitalares é um problema maior do que a falta de leitos. “Temos uma tabela [SUS] que não muda desde 2008”, disse.

Ele afirmou, também, que pacientes de outros municípios da Baixada Santista realizam em Santos cirurgias básicas, que deveriam ser feitas em suas cidades de origem. O médico quer que cada município analise sua própria demanda e capacidade de atendimento, para “formar, efetivamente, um grupo de referência e contrarreferência”.

Também participaram da audiência os vereadores de Santos Benedito Furtado (PSB), Chico Nogueira (PT), Débora Camilo (PSOL), Lincoln Reis (Podemos) e Rui de Rosis Jr. (PL). 

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