CALOR EXTREMO

Descaso e abandono de escolas públicas na crise climática – Por Maíra de Souza

Sob calor extremo, estudantes e professores de PG sofrem com falta de infraestrutura básica, como ventilação e climatização das salas de aula e água fresca

Secretaria de Educação.Créditos: Yasmin Thomaz
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Enquanto os termômetros em Praia Grande atingem marcas históricas de mais de 40°C, as escolas públicas da cidade e do estado de São Paulo enfrentam um cenário de abandono, falta de investimento e condições insalubres, refletindo a negligência de gestões alinhadas ao governo estadual de Tarcísio de Freitas.

Sob um calor extremo, estudantes e professores sofrem com a falta de infraestrutura básica, como ventilação e climatização das salas de aula e água fresca, enquanto o prefeito Alberto Mourão e o governador Tarcísio priorizam cortes de verbas e políticas que agravam a crise na educação pública.

Em Praia Grande, cidade litorânea conhecida por suas praias e verões intensos, os termômetros marcaram 48°C nesta semana, um recorde que evidencia a gravidade da crise climática. No entanto, o calor insuportável não é o único problema enfrentado pela população. Nas escolas públicas da cidade, estudantes e professores lidam diariamente com a falta de investimento, infraestrutura precária e o descaso do poder público.

O prefeito Alberto Mourão, aliado político do governador Tarcísio de Freitas, tem sido criticado por sua gestão pouco transparente e pela falta de prioridade dada à educação. Enquanto isso, o governo estadual, sob o comando de Tarcísio, vem promovendo cortes significativos na verba destinada à educação, afetando não apenas as escolas estaduais de Praia Grande, mas diversos municípios paulistas.

Estudos científicos já alertam para os impactos do calor excessivo no desenvolvimento educacional. De acordo com pesquisas publicadas na revista Nature Climate Change, temperaturas elevadas podem reduzir a capacidade cognitiva dos estudantes, afetando a concentração, o desempenho escolar e, consequentemente, o aprendizado. Além disso, a falta de infraestrutura adequada, como salas de aula ventiladas e climatizadas e acesso à água fresca, agrava os riscos à saúde, como desidratação e insolação.

Em Praia Grande, relatos de estudantes e professores mostram um cenário desolador. “As salas estão abafadas, os ventiladores quebram todo dia ou fazem muito barulho e muitos alunos passam mal durante as aulas”, desabafa uma professora da rede municipal, que preferiu não se identificar. “É desumano exigir que crianças e adolescentes estudem em condições tão precárias”.

A gestão de Alberto Mourão tem sido marcada por uma clara sintonia com as políticas do governador Tarcísio de Freitas, conhecido por sua postura autoritária e cortes em setores essenciais. Desde o início de seu mandato, Tarcísio reduziu drasticamente os investimentos na educação estadual, afetando desde a merenda escolar até a manutenção das unidades de ensino.

Essa política de desmonte não se restringe a Praia Grande. Municípios como Santos, São Vicente e Guarujá também enfrentam problemas similares, com escolas superlotadas, falta de recursos e condições inadequadas para o ensino. A situação é ainda mais crítica em cidades onde os gestores locais mantêm alianças com o governo estadual, priorizando interesses políticos em detrimento do bem-estar da população.

Enquanto os termômetros batem recordes, o futuro de milhares de estudantes está em jogo. O calor excessivo não apenas prejudica o aprendizado, mas também coloca em risco a saúde física e mental de crianças e adolescentes. “É difícil se concentrar quando você está suando o tempo todo e sentindo tontura”, relata um aluno do ensino médio de Praia Grande.

A falta de investimento em infraestrutura escolar, somada à crise climática, cria um cenário de abandono que pode ter consequências duradouras. Sem ações concretas para melhorar as condições das escolas e garantir um ambiente adequado para o ensino, o direito à educação de qualidade fica cada vez mais distante.

A crise na educação pública em Praia Grande e no estado de São Paulo é um reflexo da negligência de gestões que priorizam cortes orçamentários e alianças políticas em detrimento do bem-estar da população. Enquanto o calor extremo expõe as fragilidades do sistema educacional, é urgente que a sociedade se mobilize para exigir investimentos adequados e políticas públicas que garantam um futuro digno para os estudantes.

A educação não pode esperar. Em tempos de crise climática, a negligência é uma escolha política, e as consequências serão sentidas por gerações.

*Maíra de Souza é professora, artista e militante organizada no Movimento Luta de Classes (MLC) e filiada à Unidade Popular pelo Socialismo (UP). Atua na luta sindical classista e revolucionária.

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.

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