A Polícia Civil do Ceará deu como esclarecido o dantesco caso de violência e morte envolvendo o adolescente Henrique Marquez de Jesus, de 16 anos, morador de Bertioga, na Baixada Santista, litoral de São Paulo, que realizava o sonho, ao lado do pai, de conhecer a praia de Jericoacoara, mas que acabou assassinado por um grupo de homens ligados a uma facção criminosa no último dia de visita ao paraíso de águas azuis do litoral oeste cearense. O episódio aconteceu na última semana.
A vítima fazia a primeira viagem de sua vida, ao lado do pai, Danilo Martins de Jesus. Eles ficaram por aproximadamente 10 dias na localidade e, na noite do último dia 16, véspera do retorno para casa, Henrique desapareceu após dizer que iria até a pousada onde se encontravam hospedados, para carregar o celular e descansar um pouco.
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De acordo com o próprio pai de Henrique, e com fontes da região onde o crime aconteceu, o garoto vinha fazendo registros fotográficos públicos durante os dias de férias sempre gesticulando de maneira fortuita com a mão. O sinal feito por ele, o número três, mantinha a mão parcialmente fechada e com os dedos polegar, indicador e médio abertos, uma referência que identifica integrantes da maior organização criminosa do Brasil, o PCC (Primeiro Comando da Capital), ou de membros de facções aliadas à multinacional do crime que opera em pelo menos 24 países. No entanto, a área onde está localizado a Vila de Jericoacoara, no município de Jijoca de Jericoacoara, no litoral oeste do Ceará, é dominada por uma organização criminosa local, filiada ao Comando Vermelho, cujo símbolo nacionalmente é expresso pelo número dois com uma das mãos.
Na versão oficial da Polícia Civil cearense, a conclusão é praticamente a mesma, mas explicada de uma outra forma. Henrique teria sido “confundido” com um integrante do PCC e por isso teria sido “decretado” por integrantes da facção local, ou seja, sentenciado à morte pelo bando. A explicação dos investigadores não deixa claro por qual motivo um adolescente tão novo, acompanhado do pai, seria visto como um potencial membro de uma organização criminosa tão poderosa, exceto pelo fato de estar fazendo o tal sinal em locais públicos. O inquérito não cita fato, mas ele fica implícito e corrobora as versões apresentadas até então pelo pai da vítima e por populares de Jericoacoara.
O mandante da execução não teve o nome revelado pelas autoridades, mas seria um traficante de 36 anos com extensa ficha criminal, que já estava preso numa unidade penitenciária do Maranhão quando o crime contra Henrique foi cometido. Um outro envolvido, um menor de idade, foi detido pelos policiais cearenses nos últimos dias na capital, Fortaleza.
Segundo o laudo do Instituto Médico Legal (IML), o jovem turista de São Paulo não recebeu nenhum tirou ou golpe de arma branca. Ele foi morto por espancamento e depois teve seu corpo jogado numa lagoa que fica numa região mais afastada de Jericoacoara, onde foi encontrado dois dias após o desaparecimento. Câmeras de vigilância de um supermercado já tinham mostrado um grupo de sete homens o carregando à força na data em que o rapaz sumiu.