Um dos registros feitos por câmeras de segurança em Jericoacoara, no litoral oeste do Ceará, que mostra parte do sequestro sofrido por um adolescente paulista de Bertioga, na Baixada Santista, que acabou executado pelos criminosos, está circulando nas redes sociais. O adolescente de 16 anos, identificado como Henrique Marquez de Jesus, fazia turismo na vila paradisíaca com o pai, e teria sido raptado, torturado e morto porque vinha tirando selfies nas quais fazia um gesto fortuito com a mão, sem saber que aquele sinal era uma saudação de uma facção criminosa rival à que domina aquele trecho do litoral cearense.
Nas imagens, um grupo de oito pessoas, incluindo uma menina, aparece carregando Henrique à força e o agredindo, enquanto o garoto tenta se safar desesperado. Ele é arrastado por uma viela estreita enquanto o bando parece eufórico com a “captura” do turista que, sem ter que qualquer noção, havia feito o número três com os dedos, o que supostamente identifica integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital), a maior organização criminosa do Brasil, que opera em pelo menos 24 países. Uma foto de um outro registro de circuito de vigilância já havia mostrado, mais cedo nesta quinta-feira (19), o garoto sendo carregado.
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Nas redes, versões não confirmadas pela Polícia Civil do Ceará, tampouco pela família da vítima, indicam que o adolescente teria sido abordado e advertido dias antes na praia, na companhia do pai, por estar fazendo o gesto em seus registros fotográficos, o que teria motivado o retorno dos criminosos numa outra oportunidade para pegá-lo. O pai de Henrique, Danilo Martins de Jesus, apenas confirmou à imprensa que esse teria sido o motivo da morte do filho.
Veja o registro que mostra o adolescente sendo levado:
História macabra horrorizou o Brasil
Henrique Marquez de Jesus, de 16 anos, estava realizando um sonho. O adolescente, morador de Bertioga, na Baixada Santista, litoral de São Paulo, fazia a primeira viagem de sua vida, ao lado do pai, Danilo Martins de Jesus, planejada minuciosamente durante muito tempo. Eles estavam havia uma semana em Jericoacoara, o destino paradisíaco de águas azuis na costa do Ceará.
Na noite da última segunda-feira (16), o garoto saiu da barraca turística onde estava com o pai, na área central da localidade, onde há muitos comércios de artesanato, bebidas e comidas típicas, e disse que iria até a pousada onde se encontravam hospedados, para carregar o celular e descansar um pouco, já que voltariam para São Paulo no dia seguinte. Horas depois, Danilo, o pai, chegou à pousada e não encontrou o filho, que também não aparecia com o passar das horas.
Nos registros fotográficos que fez durante os dias de férias, Henrique sempre aparecia fazendo um gesto fortuito com a mão. Ela a mantinha parcialmente fechada e com os dedos polegar, indicador e médio abertos, formando o número três. Só que o número três feito com as mãos é o símbolo que identifica integrantes da maior organização criminosa do Brasil, o PCC (Primeiro Comando da Capital), ou de membros de facções aliadas à multinacional do crime que opera em pelo menos 24 países.
No entanto, a região onde está localizado a Vila de Jericoacoara, no município de Jijoca de Jericoacoara, no litoral oeste do Ceará, é dominada por uma organização criminosa local, filiada ao Comando Vermelho, cujo símbolo nacionalmente é expresso pelo número dois com uma das mãos. Os dois grandes grupos do crime organizado disputam de forma sangrenta cada palmo de território dos estados do Nordeste e de outras regiões fora de São Paulo e Rio de Janeiro.
Depois do desespero do primeiro dia de buscas, com publicações de “desaparecido” se multiplicando pelas redes sociais de todo o país, pistas começaram a surgir. Uma câmera de segurança registrou naquela noite, a do desaparecimento, Henrique sendo carregado à força por um grupo de sete homens, por uma das principais vias comerciais de Jericoacoara, com as portas das lojas já fechadas. Ele aparece desesperado tentando reagir, mas é levado.
Foi uma questão de pouco tempo para que o corpo do adolescente fosse encontrado. O cadáver foi jogado numa lagoa de uma zona mais afastada do centro de Jeri. O próprio pai, possivelmente sendo informado informalmente por policiais ou moradores locais, transmitiu à imprensa a motivação do crime, que teria sido por conta dos gestos repetitivos fazendo o número três com as mãos, que possivelmente foi visto por bandidos que operam na região.
“Isso [o sinal feito com as mãos nas fotos] é normal onde moramos. O moleque tinha 16 anos. Deveriam ter orientado: “aqui não pode fazer esse símbolo, é de outra facção”. Falado isso para ele ou qualquer outra pessoa que não tem ciência. Não fazer uma crueldade dessas, achando que um moleque de 16 anos era envolvido com facção”, disse o pai.
A Polícia Civil do Ceará não confirmou, tampouco negou, que a motivação para o assassinato tenha sido o sinal feito pelo rapaz, limitando-se a informar que um inquérito foi instaurado e que as investigações para o esclarecimento completo do crime seguem em ritmo acelerado.
