Em audiência pública realizada em 28 de agosto de 2024 na Comissão de Ciência, Tecnologia e Inovação da Câmara dos Deputados, abordei o progresso notável do Brasil no desenvolvimento da indústria do hidrogênio verde. De fato, o Brasil tem demonstrado avanços significativos na regulamentação e promoção do hidrogênio verde, consolidando sua posição como importante ator no cenário energético global. As ações recentes refletem compromisso firme com a inovação tecnológica, a sustentabilidade ambiental e o desenvolvimento econômico, posicionando o hidrogênio verde como um componente crucial na transição energética do país.
Em 2024, o Brasil lançou o Plano Nacional de Hidrogênio Verde (PNHV), estabelecendo diretrizes e metas para o desenvolvimento de uma economia de hidrogênio verde. O plano prevê a integração do hidrogênio verde em setores estratégicos como transporte, indústria e geração de eletricidade, com o objetivo de descarbonizar a economia. Incentivos fiscais e linhas de crédito foram criados para empresas que investem em tecnologias de hidrogênio verde, além de promover parcerias público-privadas para desenvolver a infraestrutura necessária.
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O governo também estabeleceu normas técnicas para a produção, armazenamento e transporte do hidrogênio verde, garantindo segurança e eficiência. A legislação de 2024 enfatiza a importância da pesquisa e desenvolvimento, destinando fundos para projetos inovadores em hidrogênio verde, incentivando universidades e instituições de pesquisa a colaborarem com empresas para desenvolver novas tecnologias e processos.
O hidrogênio verde foi integrado ao Plano Nacional de Transição Energética do Brasil, que visa reduzir a dependência de combustíveis fósseis e alcançar a neutralidade de carbono até 2050. A infraestrutura de transporte e distribuição de hidrogênio verde está sendo desenvolvida, incluindo gasodutos dedicados e hubs logísticos em locais estratégicos, como portos e zonas industriais.
Além disso, o governo tem incentivado o uso de hidrogênio verde como combustível alternativo, promovendo a conversão de frotas de veículos pesados e estabelecendo leilões de energia específicos para projetos de hidrogênio.
No cenário internacional, países como Alemanha, Estados Unidos, China, Índia e Japão também estão fazendo progressos significativos na implementação do hidrogênio verde. A Alemanha, por exemplo, expandiu sua capacidade de produção de hidrogênio verde e estabeleceu várias gigafábricas em regiões estratégicas, como Hamburgo, Renânia do Norte-Vestfália, Brandenburgo e Baixa Saxônia, com o objetivo de atender tanto à demanda interna quanto às exportações para outros países europeus.
Os Estados Unidos adotaram uma estratégia nacional robusta, com grandes investimentos em infraestrutura e tecnologia, enquanto a China apresentou uma Estratégia Nacional de Hidrogênio Verde para aumentar a produção e uso desse combustível limpo. A Índia, por sua vez, está desenvolvendo parques de energia renovável integrados com unidades de produção de hidrogênio verde, e o Japão expandiu sua estratégia de hidrogênio com novas metas ambiciosas para produção e consumo.
Embora o Brasil tenha alcançado importantes avanços legais e políticos, ainda há muito a ser feito para concretizar a implementação do hidrogênio verde no país. O Brasil possui vantagens comparativas naturais significativas, como a abundância de recursos renováveis, mas não pode se acomodar. A competição global pela liderança no setor de hidrogênio verde será intensa, com grandes investimentos sendo realizados pelos principais países industrializados. Nessa copa do mundo pela liderança energética do século XXI, o Brasil não estará sozinho. Não basta fazer muito. É necessário fazer ainda mais que nossos competidores.
Como um país com grande potencial energético, o Brasil deve continuar a investir em inovação, infraestrutura e qualificação profissional para competir de maneira eficaz neste mercado emergente. A corrida pelo domínio do hidrogênio verde representa uma oportunidade para o Brasil se destacar no cenário internacional de energia limpa e contribuir de forma decisiva para a transição energética global.
O hidrogênio verde é uma oportunidade estratégica para o Brasil alcançar seus objetivos de sustentabilidade e desenvolvimento econômico. No entanto, é crucial que o país mantenha o ritmo de implementação e adote uma postura competitiva globalmente. Com um esforço coletivo e contínuo de todas as partes interessadas, o Brasil pode se posicionar como líder na economia global do hidrogênio verde.