O vice-presidente Geraldo Alckmin celebrou hoje, nas redes sociais, o sucesso dos "filhos do Bolsa Família" retratado por um estudo do Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social, que acompanhou os beneficiários do Bolsa Família entre 2005 e 2019.
De acordo com o gráfico reproduzido por ele, 64,1% dos que eram beneficiários do programa em 2005 e tinham de 7 a 16 anos de idade hoje estão fora do Cadastro Único, ou seja, não dependem mais do Bolsa Família.
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A situação permaneceu inalterada para 20,4% depois de 14 anos de adesão ao programa.
14% permanecem vulneráveis, inscritos no Cadastro Único, mas não recebem o benefício.
A estimativa é de que 1,5% tenham falecido.
O gráfico que Geraldo Alckmin disseminou foi produzido pela BBC Brasil, em uma reportagem sobre os "filhos do Bolsa Família". A pesquisa do IMDS é de 2022.
A reportagem, de Thais Carrança, mostrou casos como o de Dener Silva Miranda e sua irmã Vitória. A família de ambos, de Parnaíba, no Piauí, esteve entre os primeiros beneficiários do programa.
Hoje Dener é engenheiro de software, depois de ter estudado na Escócia pelo programa Ciência Sem Fronteiras.
A irmã, com uma bolsa do Fies, estuda Medicina em São Paulo.
O Fies e o Ciência Sem Fronteiras são programas federais que financiam educação.
O "salto" da família aconteceu quando o pai de Dener e Vitória se tornou professor do Pronatec, o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego, criado em 2011 pela presidenta Dilma Rousseff.
A pesquisa do IMDS consolidou levantamentos anteriores, que já demonstravam a importância do programa adotado no primeiro mandato do presidente Lula.
Chamou a atenção na pesquisa, no entanto, o recorte de raça.
Dentre as mulheres negras, 35,9% permaneciam recebendo o Bolsa Família depois de 14 anos, bem acima da média (20,4%).
Já entre homens brancos, o número dos que ainda estavam no programa em 2019 era de apenas 11,6%.
O levantamento também demonstrou que, quanto maior o nível de educação dos pais, maiores as chances das crianças e adolescentes sairem do Bolsa Família.
Nos domicílios em que o responsável tinha formação superior, só 10,4% das crianças ou adolescentes beneficiários em 2005 permaneciam no Bolsa Família em 2019.
No caso do responsável ter ensino fundamental incompleto, a taxa saltou para 27,9%.
O mesmo recorte foi feito em relação à formação alcançada pelas crianças e adolescentes beneficiários do Bolsa Família em 2005.
Dos que completaram o ensino médio, 13% continuavam recebendo o benefício depois de 14 anos, porcentagem que subiu para 46,2% dos que completaram apenas o ensino fundamental.
A ironia é que o vice-presidente já foi do PSDB. No passado, integrantes do partido se referiram ao Bolsa Família como "eleitoreiro". Porém, com o sucesso do programa passaram a dizer que a semente foi plantada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Na verdade, foi a equipe do presidente Lula que estruturou o programa como algo abrangente, multifacetado e com financiamento robusto.
O vice-presidente Geraldo Alckmin disseminou o gráfico com um comentário em que diz:
O Bolsa Família é extremamente eficiente, porque emancipa os brasileiros que mais precisam e amplia os horizontes dos nossos jovens, permitindo que desenvolvam seus potenciais e contribuam para o desenvolvimento do Brasil. “É sobre isso”.