A Suprema Corte do estado do Colorado decidiu que Donald Trump está desqualificado para ocupar a Presidência dos EUA. Dessa maneira seu nome não deve aparecer nas cédulas eleitorais dentro daquele estado. A decisão foi anunciada nesta terça-feira (19).
A motivação para a condenação é justamente o ataque que seus apoiadores perpetraram contra o Capitólio de Washington na tarde em que Biden era diplomado, no dia 6 de janeiro de 2021.
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De acordo com o tribunal do Colorado, Trump se envolveu na insurreição ao incitar seus apoiadores, revoltados com a perda das eleições e embalados por teorias conspiratórias, a realizarem a invasão.
Na prática, a decisão que torna Trump inelegível se aplica apenas às primárias do Partido Republicano em Colorado, que ocorrem no próximo dia 5 de março.
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Ainda que não tenha um efeito prático para as eleições gerais, adversários políticos de Trump apostam que a decisão possa impulsionar um movimento maior, e em diversos estados, para desqualificar o magnata. Publicamente, o ex-presidente prometeu recorrer.
Falem mal, mas falem de mim
A decisão da justiça do Colorado já está sendo capitalizada por Trump. Ele sempre usa os reveses na vida política para ter exposição na mídia. A campanha dele classificou a decisão do tribunal de "antidemocrática" e avisou que vai recorrer à Suprema Corte.
Um porta-voz da campanha de Trump, Steven Cheung, declarou ao The New York Times:
"Sem surpresa, a Suprema Corte do Colorado, inteiramente nomeada por democratas, decidiu contra o Presidente Trump, apoiando um esquema de um grupo de esquerda financiado por Soros para interferir em uma eleição em favor do 'Joe Biden Desonesto', ao remover o nome do Presidente Trump da cédula eleitoral e eliminar o direito dos eleitores do Colorado de votar no candidato de sua escolha. Temos total confiança de que a Suprema Corte dos EUA decidirá rapidamente a nosso favor e finalmente colocará um fim a esses processos judiciais anti-americanos."
Há meses, Trump vem se vitimizando em razão das investigações criminais contra ele para angariar apoio de sua base, começando com sua primeira acusação em Nova Iorque, em abril deste ano. Foi a primeira vez que um ex-presidente vira réu nos EUA.
Arsenal de quinquilharias
Um exemplo dessa reação típica da extrema direita foi o uso feito da histórica foto da ficha policial do ex-presidente dos EUA, postada por um tribunal da Geórgia no dia 24 de agosto e que passou a estampar camisetas, copos, canecas, porta-copos, pôsteres e até bonecos.
A imagem de Trump com uma gravata vermelha, cabelo brilhante e um olhar frio foi tirada quando o pré-candidato presidencial republicano foi preso sob mais de uma dúzia de acusações criminais, parte de um caso penal decorrente de seus esforços para reverter as eleições de 2020.
No mesmo dia em que a mugshot foi divulgada e viralizou, Trump também voltou ao X (antigo Twitter), rede da qual estava banido desde o início de janeiro de 2021, após a tentativa de golpe de estado e invasão ao Capitólio em 6 de janeiro daquele ano. A foto do perfil foi a dele preso.
Trump teve sua conta na rede social restaurada em novembro de 2022, mas seguiu usando o Truthsocial, a rede social desenvolvida pela família do ex-presidente para reunir seus correligionários de extrema direita.
Depois de sua prisão, Trump voltou com seu mugshot para o X (antigo Twitter) e é provável que volte a causar na rede social, como fez de maneira singular entre 2015 e 2021.
O nome do ex-presidente e virtual pré-candidato à Casa Branca em 2024 estampa uma coleção de produtos na Trump Store, braço da Trump Organization, dirigida pelos filhos Eric e Donald Jr., o Don Jr.
A loja oficial oferece uma coleção específica para o 45o presidente dos EUA, a Trump45collection.
Don Jr também mantém uma loja para vender principalmente camisetas, a Shop Don Jr. O lucros com a venda das peças, informa a página, serão destinados ao fundo de defesa jurídica do ex-presidente.
Na gigante do e-commerce Amazon há diversos itens relacionados à possível candidatura de Trump em 2024.
'Biden's Laptop Matters'
Há ainda a loja on-line Donald Trump Store, com várias peças para a corrida eleitoral do ano que vem. A coleção de quinquilharias angariadas pelos apoiadores de Trump inclui também recados políticos para o rival político e atual presidente, o democrata Joe Biden.
Como a camiseta com a frase 'Biden's Laptop Matters' (o laptop de Biden importa), que faz um trocadilho com o movimento 'Black Lives Matter' e ataca o eventual adversário na corrida presidencial.
Em outubro de 2020, às vésperas das eleições presidenciais dos EUA, surgiu uma controvérsia envolvendo um laptop abandonado em uma loja de Delaware, pertencente a Hunter Biden, filho do então candidato democrata Joe Biden.
O proprietário da loja, legalmente cego, afirmou que o equipamento foi deixado por alguém que se identificou como Hunter Biden.
O New York Post publicou uma reportagem alegando que e-mails encontrados no laptop indicavam corrupção por Joe Biden, baseando-se em informações repassadas ao advogado de Donald Trump, Rudy Giuliani, pelo dono da loja.
Análises forenses autenticaram alguns desses e-mails. Trump usou a história para acusar falsamente Biden de conduta corrupta relacionada à Ucrânia, visando prejudicar sua campanha.
Os dados foram compartilhados com o FBI e com membros do Partido Republicano antes de se tornarem conhecidos do público.
Se Trump poderá ou não concorrer à Casa Branca em 2024, a máquina de quinquilharias continua a todo vapor com sua base engrossando a coleção de camisetas, canecas, bonés e gravatas com direito a deboche e ironia.