Até o dia 6 de janeiro de 2021, quando Joe Biden foi diplomado em Washington, nos EUA, era muito comum vermos críticas ao então presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL) que o colocavam como uma espécie cópia barata e de baixo custo do então presidente estadunidense Donald Trump. E não é para menos, ambos são os expoentes políticos e midiáticos das extremas-direitas de seus países.
Bolsonaro chegou até a bater continência para bandeira daquele país e ao longo da sua ascensão à presidência importou uma série de teorias conspiratórias e militâncias típicas do trumpismo e da extrema-direita dos EUA. Toda aquela história de armar cidadãos é uma pura tradução das cartilhas da National Rifle Association, por exemplo. E as teorias que desacreditam as eleições por aqui parecem copiadas pelo Carluxo das cartilhas do Steve Bannon. Até mesmo a reação violenta à derrota eleitoral, o ‘nosso’ 8 de janeiro de 2023, pareceu uma cópia do 6 de janeiro de 2021 deles.
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Mas agora a situação se inverteu. É Trump quem resolveu imitar Bolsonaro e está inelegível. Nesta terça-feira (19) a suprema corte do Colorado decidiu que The Donald está desqualificado para ocupar a Presidência dos EUA. Dessa maneira seu nome não deve aparecer nas cédulas eleitorais dentro daquele estado.
A motivação para a condenação é justamente o ataque que seus apoiadores perpetraram contra o Capitólio de Washington na tarde em que Biden era diplomado. De acordo com o tribunal do Colorado, Trump se envolveu na insurreição ao incitar seus apoiadores, revoltados com a perda das eleições e embalados por teorias conspiratórias, a realizarem a invasão.
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Mas as semelhanças não param por aí. Assim como Bolsonaro foi o primeiro presidente da história do Brasil a não se reeleger desde que a reeleição é possível, Trump também bateu recordes nos EUA. Ele é o primeiro presidenciável impedido de concorrer por se envolver em “insurreição ou rebelião”. A normativa está na Constituição mas raramente é lembrada.
Na prática, a decisão que torna Trump inelegível se aplica apenas às primárias do Partido Republicano em Colorado, que ocorrem no próximo dia 5 de março. Ainda que não tenha um efeito prático para as eleições gerais, adversários políticos de Trump apostam que a decisão possa impulsionar um movimento maior, e em diversos estados, para desqualificar o magnata. Publicamente, The Donald prometeu recorrer.
“A Suprema Corte do Colorado emitiu uma decisão completamente errada esta noite e iremos rapidamente apresentar um recurso à Suprema Corte dos Estados Unidos e um pedido simultâneo para a suspensão desta decisão profundamente antidemocrática”, disse o porta-voz da campanha de Trump, Steven Cheung, em comunicado para a imprensa.