Tanta violência política chancelada e diuturnamente estimulada pelo chefe da gangue, hoje atinge a todos e todas. Inclusive, aqueles e aquelas que se calaram diante da violência misógina contra Dilma Rousseff (PT), Maria do Rosário, Jandira Feghali, Manuela D'Ávila, Erika Hilton, Monica Seixas, Iara e tantas outras mulheres valentes.
Eu própria, por várias vezes, fui ameaçada de morte, de estupro e foram meus amigos jornalistas que viram a gravidade e AGIRAM. O jornalista Luiz Carlos Azenha ligou para a comunicação do batalhão de Bombeiros para perguntar se um policial que faz ameaças de morte tem aval da corporação, os deputados Paulo Pimenta e Erika Kokay acionaram o GDF cobrando providências. Isso freou o agressor. Mas durante muito tempo, quando ia em eventos em Brasília e via um bombeiro, meu corpo gelava. Sim, as ameaças verbais são violência psicológica e atuam para nos paralisar.
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Minha amiga Lola desenvolveu uma imensa resistência, mas só ela sabe o que é viver na pele de uma feminista.
Falsas simetrias escondem a violência política e sua gênese
Hoje, após mais um ataque bolsonarista contra Vera Magalhães, parcela da rede comparou o episódio com o do Tchutchuca do Centrão. Não há comparação entre o tchutchuca do Centrão arrancar o celular do blogueiro do Exército e do jornalista que arranca o celular de um assediador declarado de mulheres (jornalistas e parlamentares).
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Bolsonaro é o chefe da Nação e da gangue destes misóginos todos. Foi Bolsonaro que capturou o 7 de setembro pra transformá-lo numa micareta fálica, puxando o coro para si mesmo de “Imbrochável”.
A jornalista da TV Cultura reagiu a uma tripla agressão: à violência contra a mulher, à violência política e à violência contra a imprensa.
Aos olhos do Direito ambos se apossaram de um bem alheio. O Direito brasileiro protege a propriedade e não a vida.
O Direito e a Justiça falham todos os dias e o mercado de armas vende 1300 novas armas por dia no Brasil. Este é o quadro.
A falsa simetria, a tatuagem de Lula e o certificado de CAC
A falsa simetria se tornou uma doença social: um feminicida e filicida com Lula tatuado no braço não pode ser igualado ao assassino de Marcelo Arruda, de Marielle, de Moa do Katendê, entre outras, vítimas da violência política chancelada e estimulada por aquele que nas eleições de 2018 disse em campanha que iria metralhar a petralhada.
Não foi a tatuagem que matou uma mulher e uma criança. O feminicida tatuado não gritou Lula ao assassinar sua mulher.
Foi a arma cuja facilidade de aquisição foi permitida pelos mais de 40 decretos de Bolsonaro para aqueles que adquirem o certificado de registro de CAC (Caçador, Atirador desportivo e Colecionador de armas). Foi o machismo e o patriarcado chancelado pelo bolsonarismo que mataram mais uma mulher.
O assassinato cometido por Ezequiel foi morte anunciada: em maio ele foi liberado de usar tornozeleira eletrônica. A vítima, sua ex-mulher, mudou de estado para fugir do agressor com porte de armas, uma carabina. E a Justiça achou que o monitoramento eletrônico não era mais necessário.
Quando a Justiça e a política falham - como falharam quando Bolsonaro não sofreu qualquer sanção ao exaltar o torturador de Dilma Rousseff em pleno Congresso Nacional ou quando a Justiça deixa de monitorar um agressor com porte de armas -, a vida se esvai.
A Justiça e a política vêm falhando há muito tempo. Diante de tantas agressões elas nunca puseram freio e o bolsonarismo foi naturalizado, inclusive pela mídia, que hoje sofre agressões bolsonaristas. As práticas, falas racistas, misóginas, homofóbicas, violentas e ameaçadoras de Bolsonaro a diferentes grupos sociais nunca foram tratadas com a seriedade que necessitava.
Foram retratadas na mídia como “excêntricas”, serviram para o riso em programas toscos de humor.
Enquanto isso a política foi invadida por Douglas, Mamãe Falei, Daniel Silveira, Gabriel Monteiro.
Bolsonaro e sua gangue serão derrotados nas urnas, mas o bolsonarismo continuará vivo e forte, inclusive entre esquerdomachos. Porque o patriarcado, assim como o racismo são sustentáculos do poder da elite brasileira. Enquanto mulheres, negros forem tratados como cidadãos de segunda classe, enquanto a Justiça não os proteger e seguir falhando o bolsonarismo respirará.
Enquanto as falsas simetrias, inclusive nas abordagens midiáticas que igualam Lula a Bolsonaro persistirem, a violência política aumentará.