Afundando em meio ao lamaçal de corrupção e casos de assédio sexual no centro do governo, Jair Bolsonaro (PL) fez uma pausa na agenda para gravar entrevista e bajular Tucker Carlson, uma espécie de Augusto Nunes estadunidense, que mantém um programa de entrevistas e de "análises políticas" para alimentar a horda direitista e ultraconservadora na Fox News, a prima rica da Jovem Pan na América do Norte.
Entusiasta de Donald Trump e de toda as teorias da conspirações delirantes do Q-Anon e de movimentos da ultradireita dos EUA, Tucker foi trazido ao Brasil por Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e bajulado intensamente pelo clã, que propaga a fake news sobre a credibilidade de Carlson nos EUA, enquanto tenta distrair os apoiadores dos escândalos sucessivos que explodem no Planalto.
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Foi rídícula e constrangedora a agenda do clã em torno do apresentador, que ganhou de Bolsonaro um cocar indígena e de Eduardo uma camisa da seleção brasileira assinada pelo pai.
Em uma sequência de gafes, Bolsonaro ainda levou o admirador de Trump para uma conversa com apoiadores na porta do Planalto, onde uma cena constrangedora aconteceu.
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Em tom xenofóbico aos nordestinos, um dos radicais bolsonaristas gritou: "Não me chame de cabeça-chata e pronto", fazendo referência ao termo preconceituoso usado por Bolsonaro para se referir aos cearenses.
O tradutor transmitiu a mensagem ao âncora da Fox News: "'Don't call me flat head.' Flat heads are the guys from the Northeast of Brazil". Na tradução: "cabeças-chatas são os caras do Nordeste do Brasil".
Carlson então indagou: "Is that a compliment?" - "Isso seria um elogio?". A tradução da pergunta arrancou gargalhadas dos apoiadores e de Bolsonaro, que ainda tentou atenuar com outra expressão: "Mais conhecido como cabra da peste".
Camisa da seleção
Nas redes, Eduardo Bolsonaro disparou uma enxurrada de publicações com o apresentador dos EUA. Em um vídeo, o filho "02" de Bolsonaro dá uma camisa da seleção brasileira e troca afagos com Carlson.
"Se os EUA não estiverem mais na copa do mundo agora você vai ter que torcer para o Brasil, ok?", indaga em meio a gargalhadas de Carlson, que diz que a "entrevista foi intensa", que agradece a Eduardo.
"Eu só me senti mal porque já vi esse filme antes. Toda mídia contra vocês", disse o trumpista.
Em outra cena ridícula, Bolsonaro deu de presente ao jornalista um cocar, dias após a divulgação do assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips.
Na foto do momento, divulgada por Carlson e compartilhada por Eduardo uma estátua de Nelson Piquet, acusado de racismo em declaração sobre Lewis Hamilton, e o símbolo da Caixa Econômica Federal, que teve o presidente demitido nesta quarta-feira (29) em meio à denúncias de assédio.
Eduardo diz que o apresentador da Fox News faz um documentário sobre o Brasil. Se for abordar verdadeiramente a triste realidade que vive o país sob o comando do clã Bolsonaro, ele já tem elementos suficientes para isso.