Jair Bolsonaro não consegue parar de pensar na derrota iminente que se avizinha na disputa eleitoral de outubro e não cessa o discurso de uma nota só sobre “os males da esquerda”. Desta vez, o presidente foi com a cantilena para cima do jornalista norte-americano Tucker Carlson, da Fox News, espécie de porta-voz da direita ultrarreacionária norte-americana. No entanto, o radical brasileiro parece ter errado na dose e acabou “confessando” algo que não soou muito bem nos ouvidos de seus fanáticos seguidores.
“Se a esquerda voltar ao poder, na minha visão, nunca mais deixará o poder e este país seguirá o mesmo caminho da Venezuela, Argentina, Chile e Colômbia. O Brasil será mais um vagão deste trem. Os perdedores serão a população brasileira e a própria esquerda. Toda a América do Sul será pintada de vermelho, se você me entende, e os EUA se tornarão um país isolado”, disse Bolsonaro a Carlson, com um ar melancólico que denuncia seu pânico diante de uma cada vez mais provável derrota nas urnas.
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Seu filho Eduardo, que é deputado federal, também conversou com o entrevistador da Fox News e aproveitou para fazer mais lobby armamentista, enquanto o país afunda na miséria em sua pior crise socioeconômica de todos os tempos, com 54% da população em situação de insegurança alimentar.
“O presidente não mudou a lei, mas mudou as regulações, o que tornou mais fácil e barato comprar uma arma no Brasil. E o que aconteceu foi não só que reduzimos o número de crimes, mas foi a maior queda na história do Brasil na taxa de homicídios desde 1980”, falou o rebento 03, usando um dado falso e totalmente distorcido para brindar os supostos benefícios de se armar a população.
Nos círculos políticos brasileiros, de esquerda ou de direita, e até mesmo entre os figurões do centrão, além da comunidade internacional, a postura histérica e ainda mais beligerante de Jair Bolsonaro, que apenas fala de fraudes imaginárias, de Lula e de suas impressões mofadas do que é a esquerda, usando um esquadro da Guerra Fria, é um sinal claro de desespero.
Todas as pesquisas de opinião mostram um abismo de diferença entre ele e o líder das sondagens, o ex-presidente Lula (PT), que no Datafolha, por exemplo, mantém uma vantagem de 20% à frente de Bolsonaro. Muitos especialistas em processo eleitoral e em levantamentos de intenção de voto já vêm apontando para um cenário irreversível para o atual ocupante do Palácio do Planalto, o que certamente tem contribuído para seu discurso apocalíptico e que o expõe a situações constrangedoras.