Investigação

CPMI do INSS: ir fundo, apurar tudo!

A comissão aprovada pelo Congresso não pode ser palco de uma disputa eleitoreira espetaculosa e demagógica, onde cada membro queira mais "lacrar" do que apurar com isenção

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Chico Alencar é escritor, professor de História e deputado federal eleito pelo PSOL-RJ. É graduado em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF), mestre em Educação pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e doutorando pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
CPMI do INSS: ir fundo, apurar tudo!
Marcello Casal Jr./Agência Brasil

O INSS tem 40,7 milhões de beneficiários. É o maior órgão público de proteção social da América e tem que ser preservado.

Os roubos vêm de longe, pelo menos desde 2017 (governo Temer), quando começaram a ser criadas "entidades" que desenvolveram "tecnologia de fraude".

Desde então, prosperou um conluio entre associações criminosas, servidores, lobistas – como o tal "Careca" –, parlamentares e seus indicados, o que gerou "vista grossa" de quem devia zelar.

Tudo feito para enganar idosos e ingênuos, em diferentes governos. Vale lembrar: seis das 12 entidades fraudulentas investigadas foram criadas em 2021 e 2022, durante o governo Bolsonaro.

Menos mal que agora temos, em curso, quase 3 bilhões de reais em bens bloqueados, convênios interrompidos e o início do imprescindível ressarcimento dos milhões de lesados.

A CPMI aprovada pelo Congresso não pode ser palco de uma disputa eleitoreira espetaculosa e demagógica, onde cada membro queira mais "lacrar" do que apurar com isenção.

É preciso que a CPMI some esforços à Controladoria Geral da União (CGU) e à Polícia Federal (PF), e colabore com seriedade, sendo ferramenta de investigação profunda de todos os envolvidos, com foco no que realmente é necessário para esclarecer esse escândalo. 

Tive longa conversa com o ministro Vinicius Marques, da CGU – que honra dignos antecessores como Waldir Pires e Jorge Hage. Ele afirmou: "Fui indicado para ser implacável com desvios e corrupção". E o fez. 

Em um ano e quatro meses de trabalho, junto com a PF, a CGU, tão omissa no governo anterior, já tem material suficiente para desmontar o esquemão – ramificado, inclusive, em vários estados. Fraudar a Previdência foi virando um grande "negócio", há quase uma década.

A CPMI, se for séria, tem que funcionar para lancetar esse tumor, doa a quem doer, seja quem for – de hoje, de ontem!

Precisamos combater e criar mecanismos para que práticas corruptas como esta sejam erradicadas. 

O ressarcimento de todos os que foram lesados nesse esquema asqueroso deve ser prioridade!

*Chico Alencar é escritor, professor de História e deputado federal eleito pelo PSOL-RJ

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.

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