Nesta sexta-feira (17), Bruno Gaga se juntou aos nomes de participantes do BBB que optaram por desistir da competição. Antes de deixar o programa, Gaga havia passado por forte julgamento moral e estético por parte dos colegas de confinamento.
Isso porque, desde que o início do jogo, Bruno Gaga foi um participante original e nas festas esquecia das câmeras e vivia o momento. Porém, foi justamente por não ter usado filtros que o participante passou a ser massacrado por parte dos colegas de confinamento.
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Inclusive, logo no começo do jogo, a beleza de Bruno Gaga foi julgada de maneira pesada pelo médico Fred Nicácio.
Provavelmente, um dos gatilhos finais que levaram Bruno Gaga a desistir do programa foi quando, depois de tentar agarrar Gabriel Santana e ser acusado de assédio sexual pelos colegas, ele se desculpou inúmeras vezes, mas pouco adiantou e a casa o colocou na geladeira.
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Os motivos
Antes de deixar a casa, Bruno Gaga foi ao confessionário e revelou alguns dos motivos que o levou a tomar tal decisão.
"Eu cheguei no meu ápice da ansiedade, coisa que eu nunca senti lá fora. Quando me inscrevi nesse programa, eu queria fazer história na minha vida. Muda a vida da minha família e brilhar, como eu sempre imaginei”, revela.
"Eu cheguei nesse programa radiante, muito feliz, muito realizado, mas depois disso, com a pressão psicológica do jogo, com crítica que eu já escutava lá fora: 'Bruno, você é um personagem', "você é um biscoitero'... Esse é o meu jeito e eu não iria mudar nunca. Mas foi muito além. Aqui gera muito medo, muita insegurança, bateu tristeza, bateu saudades, foram infinitas emoções. Eu não estava suportando mais", desabafa Bruno Gaga.
Questão de raça e classe
Não se pode ignorar alguns fatores em torno da figura de Bruno Gaga e da maneira implacável que ele foi tratado por parte dos colegas: homem gay, negro, nordestino e da classe trabalhadora.
Esses marcadores sociais estão presentes nas duas vezes em que Fred Nicácio se referiu à estética de Bruno Gaga. Ao dizer que Gaga quebrava uma aparente “beleza” no quadro geral da casa, espalha-se a ideia da margem e foi justamente neste lugar que colocaram o farmacêutico e assim o levaram à uma exaustão mental que o fez sentir que o seu brilho estava perdido.
A tática utilizada para “quebrar” mentalmente Bruno Gaga, é a mesma utilizada do lado de fora de casa. Bruno não aguentou e viu o seu sonho ruir diante da violência de classe e da tirania estética dos corpos “padrões”.
Saúde mental e desistência no BBB
Apesar de gerar entretenimento para quem está do lado de fora, aos confinados o Big Brother Brasil pode ser um fator de desequilíbrio emocional e desembocar em transtornos mentais. As últimas edições do BBB tiveram casos notórios de participantes com agudas crises de ansiedade.
A questão da saúde mental dos participantes do BBB já foi motivo de pesquisa e livro. A obra "Rituais de sofrimento" (Boitempo, 2013), da socióloga Silvia Viana, versa sobre a forma como o reality coloca os participantes numa espécie de "mata-mata". Tal exemplo ganha materialidade no chamado "paredão", onde, semanalmente, um participante é eliminado.
Dessa maneira, os momentos que antecedem a realização do paredão colocam os participantes num verdadeiro calvário mental e de profunda paranoia: quem será o executado da vez?
Na edição passada (BBB 22), o caso que mais chamou atenção foi o do ator Tiago Abravanel, que também não deu conta da pressão psicológica do confinamento e deixou a disputa.