Nova pesquisa Ipespe confirma o fortalecimento de Lula, na contramão de uma série de análises enviesadas, que se aproveitaram de uma pequena oscilação negativa, na sondagem do PoderData, para emplacar a narrativa de que a campanha de Lula estaria enfrentando dificuldades.
Lula cresceu na Ipespe em todas as tabelas importantes: na espontânea, na estimulada do primeiro turno, e na estimulada do segundo turno.
Espontânea
Na espontânea, Lula subiu 2 pontos em relação à pesquisa anterior, de 15 dias atrás, e hoje tem 38%, sua melhor pontuação desde o início da série, em janeiro de 2020.
Bolsonaro herdou votos de Moro, e também avançou, mas em menor intensidade que Lula. O presidente iniciou a série, no começo de sua administração, com 20% e hoje tem 28% na espontânea. É sua melhor pontuação.
Ciro permance estagnado. Na espontânea, tem apenas 4%. Sua distância para o segundo colocado, Bolsonaro, cresceu para 24 pontos, a maior desde o início da série.
Ou seja, Ciro nunca esteve tão longe de chegar ao segundo turno.
Outros nomes da terceira via continuam tão distantes que é perda de tempo analisar sua situação.
Estimulada
Na pesquisa estimulada, a tendência é a mesma verificada na espontânea.
Lula continua avançando: ganhou 1 ponto nos últimos 15 dias e agora exibe sua melhor pontuação desde o início da série, 45%.
Em votos válidos, isso corresponderia a 49,5%, o que deixaria o petista às portas de uma vitória no primeiro turno (que exige 50% dos votos, mais um).
Bolsonaro também cresceu na estimulada, e hoje tem 31%, sua mais alta pontuação até o momento.
O desempenho de Ciro na pesquisa estimulada vem se deteriorando. O pedetista iniciou a série, em 2020, com 11%, e hoje tem 8%. A distância para Bolsonaro igualmente nunca foi tão grande.
No segundo turno, Lula abriu 20 pontos sobre Bolsonaro, e agora tem 54%, 20 pontos à frente de Bolsonaro, o que corresponderia a uma vantagem próxima de 25 milhões de votos.
Num eventual segundo turno entre Lula e Ciro Gomes, cenário remoto, Lula abriu quase 30 pontos de vantagem sobre o pedetista.
Na verdade, no segundo turno, Lula vence com tranquilidade todos seus adversários.
A pesquisa Ipespe custou R$ 42 mil, pagos pela XP, um banco de investimentos, e fez 1.000 entrevistas telefônicas, entre os dias 18 e 20 de abril de 2022.
Conclusão
Trata-se de mais uma pesquisa (depois da Exame/Ideia, divulgada ontem à noite) que enterra a narrativa de que haveria uma tendência de queda nas intenções de votos em Lula. Ocorre exatamente o contrário. Todas as pesquisas confirmam o fortalecimento de Lula. Bolsonaro, todavia, também está crescendo, provavelmente por ter herdado os votos de Sergio Moro, cuja candidatura desapareceu.
A terceira via ainda está fora do jogo. A comemoração dos ciristas, por terem chegado a 10% na pesquisa Exame/Ideia, durou pouco. Não apenas Ciro Gomes caiu na Ipespe como ficou mais longe do segundo turno, por causa do crescimento de Bolsonaro e Lula. Aliás, esse aumento da distância também se viu na Exame/Ideia.
A Ipespe de hoje igualmente enterra análise irreal, imprudente, de um economista muito ligado a Ciro, que levou a ferro e fogo algumas oscilações vistas nas tabelas segmentadas. O economista tinha destacado, por exemplo, o crescimento de Ciro no Sul e Sudeste, na pesquisa da primeira quinzena de abril. Pois bem, na pesquisa de hoje, Ciro perdeu quase tudo que ganhou no início de abril. O pedetista voltou a 5% no Sul, depois de ter chegado a 11% em janeiro. No Sudeste, caiu para 7%, queda de 3 pontos sobre a primeira quinzena de abril.
Lula, por sua vez, recuperou votos na classe média. Entre eleitores com renda familiar acima de 5 salários, onde Bolsonaro havia melhorado seu desepenho na primeira quinzena de abril, o petista agora ganhou 6 pontos, ao passo que Bolsonaro perdeu 3.
Hoje Lula lidera com 40% entre as famílias de maior renda, contra 32% de Bolsonaro e 10% de Ciro.
Entretanto, é entre as famílias de baixa renda, que ganham até 2 salários, que Lula tem seu melhor desempenho, pontuando 50% nesse extrato, 24 pontos acima de Bolsonaro.
Ciro, por sua vez, caiu para 5% entre os mais pobres, sua mais baixa pontuação nesse segmento desde o início da série.
Segundo o Ipespe, os cidadãos com renda familiar até 2 salários representam 46% do eleitorado brasileiro.
Esses números provam que, definitivamente, a terceira via não emplacou, especialmente entre a grande maioria do eleitorado de baixa renda.
A íntegra da pesquisa pode ser baixada aqui.