Anunciado pelo prefeito Ricardo Nunes como o maior carnaval do Brasil — e ridicularizado por outras cidades devido à declaração — , o carnaval de rua de São Paulo iniciou pra valer neste final de semana, com mais de 160 desfiles e cortejos de blocos espalhados por toda a cidade.
A distribuição de mais de 2 milhões de copos de água, anunciada pelo prefeito na última semana, ocorreu principalmente nos circuitos dos megablocos e funcionou de maneira limitada. Cada circuito teve um ponto de distribuição e, em raros casos, houve funcionários da prefeitura distribuindo os copos para o público no meio dos blocos. Também foi prometido um caminhão de água da Sabesp no circuito do Ibirapuera, que não foi visto por lá no sábado (22). Já no domingo (23), o caminhão foi visto pela nossa reportagem no circuito da Avenida Faria Lima.
Outro serviço público que deixou a desejar foi o metrô. A anunciada operação especial contou com foliões encontrando dificuldades para embarque e desembarque e com banheiros interditados nas estaçõesda Via Mobilidade e Via Quatro. A empresa justificou o fechamento alegando que “os sanitários públicos podem se tornar locais de grande aglomeração, aumentando os riscos de incidentes, como brigas e quebra da ordem”. Já Metrô afirmou que todos banheiros das estações seguem abertos e funcionando normalmente nos dias de carnaval. Em vários circuitos o público reclamou da conservação dos banheiros que, segundo foliões, estavam sujos em toda avenida e não eram limpos pela prefeitura durante o bloco.
Também presenciamos uma “briga” dos trios com a sinalização urbana em algumas avenidas. No domingo, o início do bloco da cantora Luísa Sonza foi atrasado em mais de meia hora devido a uma operação de remoção de semáforo de última hora, realizada por técnicos da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Devido à operação, parte do circuito ficou fechada antes do começo do bloco, impedindo o acesso do público à área dos banheiros. Os foliões e a cantora, já em cima do trio, assistiram à retirada do semáforo debaixo do sol quente. Com isso, a organização adiantou a distribuição de água, feita para o público que já suava bastante. O início do bloco também foi tumultuado devido à aglomeração do público e ao confinamento em áreas sem sombra promovido pela prefeitura nos circuitos.
Forró, pop e axé: blocos para todos os gostos no pré-carnaval de São Paulo
Na programação musical, houve blocos para todos os gostos tocando nas ruas da cidade. Na região do Ibirapuera, a cantora Mariana Aydar trouxe o seu bloco Forrozin — que antes saía no centro durante o carnaval —, animando milhares de foliões, com um público que não parava de crescer até a entrada de Alceu Valença no tradicional bloco Bicho Maluco Beleza.
Na Avenida Faria Lima, ainda no sábado, Thiago Abravanel comandou mais uma edição do Bloco do Abrava, que neste ano homenageou Silvio Santos, não só tocando as tradicionais marchinhas carnavalescas do apresentador, mas também no penteado usado pelo cantor para se apresentar no trio. Logo na sequência, na mesma avenida, o tradicional Bloco Bangalafumenga recebeu João Gomes.
No bairro de Pinheiros, o tradicional bloco das noivinhas, o Casa Comigo, teve como tema os anos 90 e reuniu dezenas de milhares de pessoas na Av. Henrique Schaumann. O circuito também recebeu o bloco da banda Inimigos da HP.
O domingo contou com a volta do Bloco Modo Surto, de Luísa Sonza, que saiu na Rua Laguna, na zona sul de São Paulo. A cantora pop recebeu Ana Castela, MC Nilo, Emilia Mernes e outros convidados em uma das atrações mais cheias do final de semana. A rua, que conta com poucas árvores, também registrou muitos atendimentos de público passando mal por conta do calor.
Na Avenida Faria Lima, a tarde de domingo foi comandada pelo Bloco Beleza Rara, que se juntou ao bloco Boca de Veludo para receber a Banda Eva, trazendo seus grandes hits tradicionais do carnaval da Bahia. No centro, a folia foi dominada pelo Bloco Acadêmicos do Baixo Augusta, que arrastou cerca de 1 milhão de pessoas pela Rua da Consolação.
O Pré-Carnaval de Rua de São Paulo teve a ajuda do tempo que, apesar do forte calor, não registrou as tradicionais chuvas na parte da tarde, e a dispersão dos foliões não contou com grandes ocorrências.