Dorival não merece valorização salarial. Nenhum treinador merece
A indústria futebol está pagando o que não tem para os treinadores. Corinthians deve dois bilhões e precisa decidir com calma quanto pode gastar com seu novo treinador
Há um certo preconceito quando se fala em questões salariais no futebol. A própria discussão já é um preconceito. Ninguém perde tempo opinando se é muito ou pouco o que se paga para o CEO de alguma grande empresa, mas quando se fala de futebol, especialistas brotam.
Na mesa de bar ou mesmo na reunião comandada pelo tal CEO de grande empresa. Aquele que ninguém quer saber quanto ganha, com certeza acha muito o que recebe Enzo Gabriel Sergipano.
O preconceito vem pelo pouco estudo dos jogadores de futebol, como se fosse preciso estudar para fazer um desarme, uma defesa, um lançamento, um drible, um gol.
Aqui, neste texto, não tem preconceito. Apenas a constatação que a indústria futebol está pagando o que não tem para seus treinadores. Tite ganharia - é o que se diz - R$ 60 mil por DIA para dirigir o Corinthians. Ou seja: R$ 2500 por hora. Se ele dormisse das 22 às 6 da manhã do outro dia, teria R$ 20 mil a mais na conta.
Não se trata da indecência dos 400 mil que Enaldo recebe na CBF para levar o futebol brasileiro ao caos. Não se trata - repito - de preconceito. É apenas a constatação de que os clubes, mesmo quebrados, estão pagando milhões a treinadores.
Sem Tite, o Corinthians negocia com Dorival Jr. Ele gostaria de receber mais do que ganhava no Flamengo ou São Paulo, seus últimos trabalhos em clube. O motivo tem lastro: ele tem a seleção brasileira no currículo.
Ele tem razão em pedir, mas como foi seu trabalho na seleção? Fraco. Eliminado na Copa América. Derrota para o Paraguai. E uma goleada humilhante para a Argentina. Baseado nisso, merece aumento? O Corinthians, com sua dívida duas vezes bilionária que decida. Com mais juízo que entusiasmo.