O secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um apelo urgente nesta sexta-feira (20) por um cessar-fogo imediato entre Israel e Irã, alertando que o mundo está “à beira do abismo”. A declaração foi dada em uma sessão de emergência do Conselho de Segurança convocada pelo Irã, com apoio de países como China, Argélia, Paquistão e Rússia.
O conflito, que já dura oito dias, provocou centenas de mortes de civis, destruição de hospitais e bairros inteiros, e levou a bombardeios de instalações nucleares iranianas, gerando temor de um desastre radioativo.
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“Estamos caminhando para o caos”
Em sua fala, Guterres condenou a intensificação dos ataques e o impacto brutal sobre a população.
“Casas, bairros e hospitais foram arrasados. Estamos a passos largos de uma crise de grandes proporções. Precisamos dar uma chance à paz”, afirmou.
Ele pediu o retorno imediato ao diálogo diplomático.
Guterres também destacou o risco de proliferação nuclear e cobrou que o Irã mantenha seu compromisso com o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP). O país alega não buscar armas atômicas, mas o bombardeio de instalações sensíveis levantou preocupações internacionais.
Civis sob fogo cruzado
Segundo dados apresentados pela subsecretária-geral da ONU para Assuntos Políticos, Rosemary DiCarlo, os ataques israelenses mataram 224 pessoas no Irã e feriram mais de 2.500. De acordo com o Ministério da Saúde iraniano, 90% das vítimas eram civis.
Do outro lado, ataques iranianos em Israel deixaram 24 mortos e 915 feridos, segundo o gabinete do primeiro-ministro israelense. Várias casas foram destruídas, forçando o deslocamento de centenas de famílias.
Alerta nuclear
O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Mariano Grossi, classificou os ataques às instalações nucleares iranianas como uma ameaça grave à segurança global. Embora não tenham sido detectados vazamentos radioativos até o momento, Grossi alertou para o risco crescente: “A degradação da segurança nuclear é séria. Isso pode mudar a qualquer momento”.
Ele pediu “máxima contenção” de ambos os lados e defendeu que os inspetores da AIEA tenham acesso total e seguro aos locais afetados, mesmo durante o conflito, para evitar uma catástrofe maior.
Impacto no comércio global
Além das perdas humanas, a escalada do conflito pode afetar gravemente a economia global. O Banco Mundial alertou para o risco de interrupção do comércio no Estreito de Ormuz, por onde passa cerca de 20% do petróleo mundial. O fluxo comercial pela região já caiu 15% desde o fim de 2023, em meio ao aumento das tensões.
“O mundo precisa agir com urgência”
Guterres concluiu seu discurso com um apelo ao Conselho de Segurança para que haja unidade e ação imediata. “O momento é decisivo. A paz precisa de coragem e compromisso — antes que essa guerra se espalhe ainda mais e atinja proporções irreversíveis”, disse.
A ONU continua monitorando a situação e pede o envolvimento direto das potências globais para conter a escalada militar, evitar novos bombardeios e reabrir os canais de negociação diplomática.
Com informações da ONU Notícias