TECNOLOGIA

Geração Z brasileira embarca na onda do “retrô tech” e resgata celulares BlackBerry

Jovens redescobrem aparelhos antigos como forma de nostalgia e protesto contra a hiperconectividade

Créditos: Fotomontagem (Mercado Livre e FreePick)
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Um movimento nostálgico e inusitado tem ganhado força entre jovens brasileiros: o resgate de tecnologias consideradas obsoletas, como os antigos celulares BlackBerry. Conhecido como “retrô tech”, ou “tecnologia nostálgica”, esse fenômeno valoriza dispositivos dos anos 1990 e 2000 — como tocadores de CD, câmeras analógicas, videogames portáteis e, claro, celulares com teclado físico.

Mesmo sem terem vivido a era de ouro desses aparelhos, muitos integrantes da Geração Z (nascidos entre 1997 e 2012) vêm demonstrando interesse por esses dispositivos como uma maneira de se reconectar com uma época percebida como mais simples — seja por experiência própria ou por imagens que viralizam nas redes. No TikTok, a hashtag #BlackBerry acumula milhões de visualizações e virou símbolo dessa tendência.

BlackBerry: ícone de estilo e funcionalidade

Entre os aparelhos mais celebrados está o BlackBerry, pioneiro entre os smartphones. Com seu teclado físico e o exclusivo serviço de mensagens BBM (BlackBerry Messenger), ele foi símbolo de status nos anos 2000, usado por políticos, executivos e celebridades. No Brasil, modelos como o Curve 8520 e o Bold 9700 marcaram época.

Hoje, o apelo é menos funcional e mais simbólico. Jovens da Geração Z relatam sentir saudade de um tempo em que o celular era apenas uma ferramenta de comunicação, livre de notificações constantes, redes sociais viciantes e pressões digitais. Usar um BlackBerry antigo se tornou, para muitos, uma forma de protestar contra o mundo hiperconectado atual.

O que é “retrô tech”?

“Retrô tech” é o nome dado à valorização de tecnologias antigas que, mesmo fora de linha, voltam à moda por seu valor estético, emocional ou simbólico. Câmeras Polaroid, fitas cassete, rádios portáteis e celulares de modelos clássicos — como os flip phones — são exemplos. Mais do que um modismo, o movimento expressa um desejo de desacelerar e retomar o controle sobre a própria relação com a tecnologia.

Assim como os discos de vinil voltaram à moda entre fãs de música, o BlackBerry se transformou em um objeto cult: um símbolo de um passado recente que parece mais leve e menos ansioso. Para muitos jovens, a experiência de teclar fisicamente, carregar um aparelho simples e não estar o tempo todo online tem até um efeito “antidepressivo”.

Um fenômeno global

A tendência não é exclusividade brasileira. O New York Times desta sexta-feira (20) relatou que milhões de jovens nos EUA estão redescobrindo os BlackBerrys, como mostra o vídeo viral de Victoria Zannino, de 25 anos, que publicou no TikTok um apelo pelo retorno dos aparelhos — alcançando mais de 6 milhões de visualizações.

A nostalgia é reforçada por ícones culturais: celebridades como Kim Kardashian usava BlackBerrys com frequência nos anos 2000, consolidando o status “fashion” do dispositivo. Essas imagens, que ainda circulam em reality shows e redes sociais, alimentam o imaginário de uma era pré-smartphones — menos conectada e mais charmosa.

Reprodução internet

Ainda dá para usar um BlackBerry no Brasil?

Sim, mas com limitações. Desde 2022, a BlackBerry Ltd. encerrou o suporte aos sistemas operacionais originais, o que inviabilizou o uso de diversos aplicativos e funções modernas. No entanto, é possível usar os aparelhos para chamadas, mensagens SMS, ouvir música, jogar e até escrever com mais foco, sem distrações digitais.

Se você quiser experimentar ou colecionar um BlackBerry, há opções acessíveis no Brasil:

  • Mercado Livre: grande variedade de modelos antigos, especialmente usados e recondicionados. Os preços variam entre R$ 150 e R$ 400.
     
  • Enjoei e OLX: alternativas confiáveis para quem busca boas ofertas em modelos clássicos.
     
  • eBay (importação): ideal para colecionadores interessados em versões raras.

Antes de comprar, verifique se o aparelho é desbloqueado, se possui entrada para chip convencional (não eSIM) e se é compatível com redes 2G ou 3G ainda ativas no Brasil. Modelos mais antigos podem não funcionar em algumas operadoras.

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