MINISTÉRIO DA IGUALDADE RACIAL

Racismo contra o Palmeiras e Anielle Franco e xenofobia contra o Fortaleza

Mono, macaco, É assim, desde décadas, que os argentinos se referem aos brasileiro. Um modo de gritar ao mundo que não há sangue negro correndo naquelas veias abertas da América Latina. Apenas no Brasil

Mayke participou do empate contra o Boca, na Bombonera.Créditos: Reprodução/Twitter do Palmeiras
Escrito en BLOGS el

O racismo parece mesmo uma praga daninha e sem possibilidade de erradicação nos campos de futebol do Mundo. E da América do Sul, claro. A última demonstração foi na Bombonera, no 0 x 0 entre Boca e Palmeiras. Agora, de modo mais sutil, já que a dança imitando macaco ficou manjada. Um torcedor se aproximou dos palmeirenses e mostrou seu celular na horizonta. Mono é o que estava escrito em letras tão grande quanto possível em uma tela de celular.

Mono, macaco, É assim, desde décadas, que os argentinos se referem aos brasileiro. Um modo de gritar ao mundo que não há sangue negro correndo naquelas veias abertas da América Latina. Apenas no Brasil. Como se fosse motivo de vergonha e não de orgulho. E o giro pela América do Sul mostra descendentes dos charruas uruguaios, dos guaranis paraguaios, dos mapuches chilenos dizendo que somos negros. Tolos, não sabem que, na Europa, somos todos sudacos. O preconceito não separa negros de índios. Ofende aos dois. Humilha a todos. 

Infelizmente, não somos santos. No jogo entre Corinthians x Fortaleza - o 1 x 1 que marcou a despedida de Vanderlei Luxemburgo - quatro torcedores corintianos faziam gestos para os torcedores cearenses. Indicavam cabeça grande, um dos tantos xingamentos que os sudestinos dedicam aos irmãos do Nordeste. Os torcedores estavam no único setor do estádio que não estava lotado, Oeser Inferior Lateral, o mais caro do estádio, Abaixo do camarote cedido para a diretoria do Fortaleza. Fácil de identificar. 

Mas nada será feito, como não é feito pela Conmebol. Nada além de frases vazias dizendo que com racismo não tem jogo ou coisas assim. Nenhuma atitude prática. Nenhuma punição. E continuará sendo assim. Eles nos chamam de macaco e nós chamamos os cearenses de cabeça grande. Como se fosse apenas isso. Foram torcedores do Grêmio e não do River ou Boca que chamaram o goleiro Aranha de macaco há dez anos. 

E racismo há na campanha descarada pela demissão de Aniele Franco, Ministra da Igualdade Racial, que cometeu o crime de ser...Ministra da Igualdade Racial. Ou de qualquer ministério. Na verdade, cometeu o crime de ser preta, como a irmã assassinada. Não tem a ver com o fato de ter usado um avião da FAB para ir ao Morumbi assinar um protocolo de ações contra o racismo, juntamente com os Ministros André Fufuca, dos Esportes, e Sílvio Almeida, dos Direitos Humanos. 

Fufuca estava no mesmo avião e não foi criticado. Sílvio preferiu voo comercial.

Aniele tinha o direito de usar o avião. E deixou isso bem claro em uma nota, reafirmando seu cargo. E disseram que faltou humildade a ela. Para esse tipo de gente, sempre falta humildade aos pretos. Sempre são obrigados a pedir desculpa, a ficar de cabeça baixa. Para eles, não bastou Aniele cortar na carne e demitir a assessora Marcele Decothé, a deslumbrada que falou em europeu safade e pauliste em tom de ironia. Não. Ela precisa ser demitida. E o Ministério precisa acabar.

Nunca vai acabar. É triste, mas não vai.