Flávio Dino foi ao Congresso ontem para ser ouvido na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara por conta dos atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro (vulgo, tentativa de golpe bolsonarista) e por ter visitado o Complexo da Maré sem impor terror do Estado. Pasmem, foi por isso que ele foi convocado. Não por terem achado milhões em joias suas guardadas na casa do Piquet.
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Havia gente preocupada com o que podia acontecer no Congresso. Havia gente dizendo, inclusive, que os bolsonaristas estavam super preparados para encurralá-lo. Não sou especialista em Dino, mas o conheço o suficiente para saber que ia ser um passeio. Mas errei. Não foi só um passeio, foi uma humilhação.
Dino mostrou como se faz para demolir uma horda de fascistas sem perder a ironia e a ternura jamais.
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Mas, ao mesmo tempo, empunhando o porrete da justiça pra combater os mais agressivos.
O que ele fez com a conja, registrada como Rosângela Moro, deve ser fruto de estudo para candidatos que forem enfrentar mulheres fascistas em futuros debates eleitorais ou mesmo em mesas de bar.
Ela de maneira malandra tentou separá-lo de Lula, buscando dizer que o ministro havia sido educado e solidário com o fato de ela ser vítima de uma organização criminosa. Mas que Lula não. O que demonstrava como o presidente não tinha valores democráticos.
Dino explicou com educação: “Quero explicar a senhora, falando no seu coração. Tudo, absolutamente tudo que eu faço e falo tem a concordância do presidente Lula. E vou lhe dar uma prova indeclinável disso que estou dizendo. Ele é meu chefe e não me demitiu até agora”.
A conja ficou com a boca aberta, porque não esperava que Dino tivesse tanta habilidade para não só demolir sua tentativa infantil de colocá-lo contra Lula, como ainda defendesse o presidente de maneira tão magistral.
O deputado André Fernandes (PL/CE) que ficou famoso porque ensinava nas redes como se faz para depilar o ânus foi outro que foi demolido por Dino. Ele acusou o ministro de ter centenas de processos no Jus Brasil. E o ministro o humilhou sem expressar nenhum tipo de rancor dizendo que ia usar o exemplo pra ensinar aos seus alunos de Direito como se faz para pesquisar processos no Google. Ainda, na maior tranquilidade, disse que olhando nos olhos dele não acreditava que ele achava que a Terra é plana, mas que o exemplo que deu ia nesta linha.
Dino matou a pau, um a um, os adversários e, cá entre nós, desmontou a tentativa de CPI do 8 de janeiro. A oposição vai pensar mil vezes antes de tentar a sério convocá-la. Aliás, isso será fruto de um próximo artigo, mas defendo que o governo chame uma CPI sobre o tema. Ela é fundamental para a democracia.
Por fim, além de Dino, Rui Falcão também merece elogios pela condução dos trabalhos durante a sessão de ontem. Ele foi impecável. Mesmo quando tentaram atribuir a ele o “vai, chupetinha” o experiente deputado agiu com serenidade e contrição. Se fosse eu teria deitado no chão do plenário para rir. Rui ficou sereno e continuou a sessão.
Aliás, essa história de o Chupetinha se vitimizar porque foi chamado de Chupetinha é algo que diz muito sobre a forma como o fascismo age. E de como usa a inversão discursiva. O que espanta é que tem gente que se diz super sagaz e ainda cai nesse tipo de trampa.