Perigo

Mar invade e destrói barreira de contenção em praia do litoral de São Paulo

A comunidade local, que convive com o problema há anos, também se sente ameaçada pela erosão costeira

Escrito em SP el
Jornalista e redator da Revista Fórum.
Mar invade e destrói barreira de contenção em praia do litoral de São Paulo
Barreira de contenção. Fundação Florestal

A comunidade de Barra do Una, em Peruíbe, no litoral de São Paulo, sofre há anos com os impactos do avanço do mar e da erosão. Uma estrutura de bambu foi implantada no local, no dia 28 de novembro de 2024, com o objetivo de minimizar o problema. Porém, acabou destruída.

A colocação da barreira teve a colaboração da comunidade, Fundação Florestal, Defesa Civil e Secretaria de Obras da prefeitura de Peruíbe.

O cercadinho de bambu foi rapidamente destruído. Depois do episódio, a Fundação Florestal passou a adotar ações desesperadas, explicou Plínio Melo, dirigente da ONG Mongue Proteção ao Sistema Costeiro.

“Há inúmeras demolições de casas na Barra do Una. A Fundação Florestal pegou o entulho dessas demolições para proteção supostamente do avanço do mar”, relatou, em entrevista para A Tribuna.

A estrutura foi implantada em um trecho da praia, adotando modelos de Soluções Baseadas na Natureza (SBN), com foco na proteção de áreas costeiras. É permeável e feita com materiais vegetais, provenientes da remoção de plantas exóticas, com o objetivo de estabilizar o solo e diminuir a força das marés na vegetação nativa.

As restingas cumprem papel fundamental na estabilização das dunas e na proteção das áreas costeiras contra a erosão causada pelos ventos e marés.

A Fundação Florestal destacou que a utilização de estruturas rígidas, como muros e pedras, não é recomendada contra a erosão costeira. Isso porque bloqueiam o fluxo de sedimentos e impedem a formação das dunas, que protegem a costa e servem de habitat para espécies animais e vegetais.

Diante do cenário, está sendo desenvolvido um Plano Comunitário de Adaptação à Erosão Costeira para a RDS Barra do Una, com a colaboração de uma equipe técnica, pesquisadores e o Conselho da unidade.

O plano prevê utilização de drones equipados com geolocalizadores de alta precisão (RTK) para monitorar alterações na praia, além de ações voltadas para a proteção e regeneração da restinga.

Tentativa de conter avanço do mar

Em março de 2025, a Fundação Florestal colocou entulho na faixa de areia. Era uma tentativa de conter o avanço do mar, informou Plínio Melo.

Depois disso, depois de uma reunião, no dia 13 de março, a Fundação Florestal apresentou conclusões de um estudo no qual o pesquisador afirmou que despejar entulho ou sacos de areia na costa somente altera a posição da erosão.

A Fundação Florestal ressaltou que, em consequência do avanço do mar, que chegou até a via de acesso de algumas moradias no trecho da erosão, foi preciso, em caráter emergencial, o uso de material rígido para a recomposição da via e proteção das estruturas.

“Por conta das marés altas dos últimos dias, esse material foi carreado para a praia. A Fundação Florestal conta com o apoio da prefeitura para realocar o material para recompor as vias de acesso e proteger estruturas e moradias. Está em elaboração junto ao Conselho Deliberativo da RDS Barra do Una, com a participação da comunidade, poder público e pesquisadores, um Plano Comunitário de Adaptação à Erosão Costeira na RDS Barra do Una, que indicará diretrizes e ações para o enfrentamento da erosão costeira na unidade”, acrescentou.

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